Outrora orgulho nacional, com obras espalhadas pelo mundo, as empreiteiras brasileiras aparecem hoje como vilãs e indutoras da corrupção. Tanto que seus dirigentes e executivos estão presos, alguns já condenados e outros certamente se complicarão por terem participado do descoberto vale-tudo das licitações fraudulentas e do propinoduto que se instalou para irrigar contas, campanhas eleitorais e a ganância dos detentores e participantes do poder. Depois do malcheiroso mensalão, eclodiu o criminoso esquema Lava-Jato e, em paralelo outras falcatruas que levaram para o esgoto a reputação de figuras que, até então, se colocavam como depositárias da moralidade nacional e até internacional. O Brasil, principal economia do continente, que já foi a sétima do mundo, perde a grande oportunidade de exercer a hegemonia regional e emparelhar-se com as grandes potências mundiais porque os esquemas aqui gerados são fraudulentos, encharcados pela corrupção e esbarram em peças-chave do governo. Nosso processo político foi poluído com as falcatruas do mensalão, nossa principal estatal, que era uma das maiores do mundo, foi sangrada por aqueles que tinham o dever de protegê-la e as nossas empresas, detentoras de grande cabedal técnico, caem para a categoria de reles e criminosas fraudadoras. Os malfeitos foram tão grandes e seus executores tão ousados que, hoje, sua nódoa ameaça importantes figuras do governo, do parlamento e até da justiça. A prisão e o apenamento dos fraudadores – empreiteiros, servidores corruptos e outros – é um imperativo de partida, mas não basta. A justiça não pode tardar na punição aos mandantes e beneficiários de toda a roubalheira que se tem apurado. Além daqueles que sujaram suas mãos com o dinheiro da corrupção, é preciso colocar um paradeiro aos que dele se beneficiaram. Outra importante questão. Os malfeitos e corrupções, por si, já causam grandes prejuízos ao país. Urge adotar mecanismo para que o mal não contamine a economia ou pare o governo. Há que se apurar e punir rigorosamente todos os errantes, sejam quem forem, mas o povo, que já é vítima ao ver dilapidado o patrimônio construído com o seu dinheiro, não pode ainda ser prejudicado com o desemprego e os males de uma paradeira econômica. Coloque-se na cadeia os corruptos, substitua-se o governo se ele não agüentar, mas não se permita que o povo, mais uma vez, pague com sofrimento os erros cometidos pela elite criminosa e irresponsável.... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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