Interessante é analisar o comportamento da mãe, quando nasce o seu primeiro filho homem. Dona Anésia já tinha duas filhas, Teresa com dez anos e Catarina com seis. Depois de doze anos de casada, ela engravidou e nasceu um menino. O nome das filhas o pai havia escolhido. Então, ele perguntou à esposa qual o nome que ela sugeria para o filho e ela respondeu de pronto, Valter! O marido achou estranho, não era dia do santo e nem o pai de Anésia tinha esse nome. Será que fora um ex-namorado dela, até se perguntou.

Após dois dias de pensar no nome do filho, e meio enciumado, o marido perguntou para ela: – “Diga-me, qual a razão desse nome?” – Bem seca e séria, ela disse: – “Valter é LINDO!” – Ele percebeu que os olhos de Anésia brilharam quando disse LINDO.

O pai foi ao cartório e registrou o filho com o nome de Oswaldo. A mãe não disse nada, simplesmente passou a chamar o filho de Valter, dentro de casa, para os conhecidos ou quem quer que fosse. Além disso, sempre que alguém viesse procurar pelo Oswaldo, ela falava: – “Meu filho Valter ainda não chegou, quer deixar um recado?”

O pai acabou morrendo sem descobrir o porquê de Anésia ter escolhido esse nome. Afinal quem teria sido esse Valter na vida da esposa, um ex-namorado ou talvez até o pai desse filho que teve por causa de uma aventura extraconjugal? Ele nunca conseguiu saber.

Anésia por sua vez, nunca contou para ninguém o segredo que, se houvesse, ela guardou somente para ela, até morrer, há uns dez anos.

Coisas de mãe. Valter, sempre Valter.