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SEÇÃO
Crônicas
08/05/2005 - 13h08
Quando os sonhos se transformam em pesadelo
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Tem um lance quando eu sonho que é engraçado. Eu nunca sonho assim, com coisas fantásticas demais. Quer dizer, até sonho. Mas nunca é assim, do começo ao fim do sonho. Normalmente, o sonho começa até que bem normal. Muitas vezes, inclusive, o sonho começa exatamente como começam todos os meus dias. Eu acordo. Me espreguiço na cama. Dou uma olhada no despertador. Me levanto meio sonolento. Vou até o banheiro. Faço um xixizinho. Me olho no espelho e, passando as mãos pelas rugas mais evidentes, jogo uma água no rosto. Enxugo. Vou até a cozinha e faço um café. Enquanto tomo uma xícara, vou até a varanda pegar o jornal e dou uma espiada nas principais manchetes. Jogo o jornal em cima do sofá, saio de casa, fecho a porta. Vou até a garagem fumando o primeiro cigarro do dia. Abro o portão, tiro o carro. Vou dirigindo, fazendo exatamente o mesmo caminho que faço todos os dias para ir ao emprego. E aí surge um dragão cor-de-rosa no céu carregando um fusca entre suas garras. O fusca, inesperadamente, escapa e cai bem em cima do meu carro. Causando uma enorme explosão.

Toda vez é assim. Eu começo sonhando uma coisa bem real. Eu estou lá, passeando na pracinha central, de braços dados com a minha mulher, tomando um sorvete de casquinha, criancinhas brincando ao redor, jovens paquerando, a fonte luminosa jorrando suas águas coloridas. E, de repente, pousa um disco-voador, liberando um bando de ET’s armados de potentes pistolas atômicas e ávidos por dominar o mundo.

Têm aqueles sonhos com fantasmas também. Eu estou ali em casa, num domingo. A mulher e a filha ainda estão dormindo. Eu acordo, vou até a sala, ligo a televisão, começa a passar o programa do Sílvio Santos. Então, de uma hora pra outra, o tempo escurece e bem na minha frente surge o fantasma descarnado de uma criancinha do século XVIII. Aí eu acordo suando na minha cama, dou risada do meu sonho, me sento na cama, coloco os pés no chão, e aí, de baixo da cama, surge uma mão descarnada de uma criancinha do século XVIII e agarra a minha perna. E aí eu acordo de novo, suando.

Mais ou menos a mesma coisa aconteceu com a eleição do Lula. Um dia eu acordei, e lá estava o Lula eleito. Um sonho realizado. De quantas passeatas eu não participei, quantas discussões nos diretórios acadêmicos, quantos artigos escritos para, um dia, poder despertar e ter como presidente do Brasil um operário, um sindicalista, um cara vindo do povo. E aí, inesperadamente, caem do céu o Waldomiro Diniz, o Henrique Meirelles e o Romero Jucá.

Causando uma enorme explosão.

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