Jânio era prefeito de São Paulo, pela segunda vez – o que confirma a tese de que desgraça pouca é bobagem. Nos corredores da Câmara Municipal, não se falava de outra coisa: o secretário de Educação estava com as horas contadas. Seu substituto seria indicado por um dos vereadores mais antigos da Casa, raposa velha, de pouquíssimas palavras, avesso a entrevistas. Depois de um tempão esperando, o repórter foi atendido. E pego de surpresa: – Com quem você está? – quis saber o vereador. O repórter se fingiu de morto: – Desculpa, não entendi sua pergunta? – Em que gabinete está lotado? – Em nenhum. – A partir de agora, está comigo. – Fico grato ao senhor pelo convite. Mas não posso ser repórter e assessor ao mesmo tempo. Não é ético. – Meus parabéns. Sempre soube que você era homem honrado. Vamos tomar um uísque e não se fala mais nisso. Só bebo com gente de bem. O bagre ensaboado colocou ponto final no assédio. Nota do Editor: Orlando Silveira mantém o Blog do Lando (orlandosilveira1956.blogspot.com).
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