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NOTÍCIA
Opinião
09/05/2005 - 07h38
Contradições na política monetária
José Nivaldo Cordeiro - MSM
 

Nem quero me referir aos traseiros saídos da boca presidencial, figura de linguagem de tão mau gosto que me dei por satisfeito com as competentes análises que pude ler em toda a mídia, execrando o execrável. Mesmo petistas de carteirinha perceberam que nosso apedeuta presidencial ultrapassou todos os limites e avançou todos os faróis vermelhos no exercício do sestro boquirroto. Afinal, o produto da digestão que tem passagem no orifício da protuberância anterior da anatomia humana fede e causa náuseas à espécie, mesmo em pensamento. Flatos e fezes não são coisas de salão, nem na linguagem. Presidentes não podem falar nessas coisas, ao menos em público.

Quem fala mal, pensa mal. Quem não consegue se expressar é porque tem dentro de si uma combinação de confusão mental e má formação intelectual. Mesmo no erro há que haver lógica e reflexão, digo até mesmo elegância, caminho necessário para se chegar à verdade. Não percebo isso nem nas falas e nem na pessoa presidencial. Exceto na idéia fixa de que quer o poder, que apresenta consistência com a sua história pessoal, nosso presidente revelou-se um péssimo falante e, como tal, um mau pensador. O "menas verdade" ainda soa dolorosamente nos ouvidos cultivados da Nação. Flato puro e mal cheiroso.

Mas aqui quero falar da política monetária e especificamente dos juros. Uma das lições elementares que recebi como economista é que não se pode simultaneamente controlar agregados monetários, a oferta de moeda, e seu preço, os juros. A Autoridade Monetária tem que escolher um dos instrumentos de controle. Há uma evidente relação entre a oferta de moeda e o nível de preços e é desejo manifesto que a inflação não saia do controle. Se os juros são o que são, ao nível corrente de preços, é porque precisam estar no nível em que estão. Por outro lado, não dá para brincar de criar canais alternativos para a expansão do crédito, como tem sido feito à moda de mágica de feira: é crédito em consignação, é crédito para pequenos negócios, para agricultura familiar, para aposentados, para isso e para aquilo. Ora, estamos a falar de subsídios implícitos, lembrando que o recurso teria um uso racional alternativo melhor, qual não seja reduzindo a dívida pública.

Para reduzir juros somente com uma redução substantiva nos gastos do governo, no mínimo a ponto de reduzir de forma sistemática, por algum tempo, a dívida pública. Mas quem colocará o guizo no gato? Não será o homem dos flatos, que sempre acreditou, nas suas confusões intestinas, no gigantismo estatal.

Não custa lembrar que induzir a população pobre ao endividamento, ao nível em que estão as taxas de juros, ainda que com algum subsídio, é algo notavelmente pernicioso. Nosso povo pobre mal consegue ganhar para comer, não pode arcar com os juros escorchantes, que nossos governantes só pagam porque não pagam, pagamos nós os "patos" ditos contribuintes. Pagar juros altos com o dinheiro alheio é fácil, o duro é ver famílias terem que escolher entre a compra mensal no supermercado ou o pagamento da dívida. Com o crédito consignado, nem isso: é descontado na fonte, que até nisso nossos banqueiros copiaram dos nossos governantes, a mania de se apropriar da renda na origem.

Mas o fato é que ou o governo controla a oferta de moeda ou os juros, não as duas coisas ao mesmo tempo. E não controlar a oferta de moeda é apostar na explosão de preços. Definitivamente, o governo não tem como apostar na política monetária como instrumento de crescimento econômico, pois o preço a ser pago pela Nação é muito conhecido, a hiperinflação. É uma promessa vã porque inexeqüível.

Aliás, quando vejo os economistas ditos "progressistas" propondo sua receita alternativa de política econômica sempre chego à conclusão de que a única coisa que de fato querem é a indisciplina monetária, pois outra coisa jamais propõem, até porque não há o que propor. A ciência econômica já solidificou seu conhecimento nessa matéria, não cabendo experimentos fadados ao fracasso. Fico pensando se a nossa história monetária não é rica o bastante para nos ensinar que esse caminho está vedado, o populismo monetário não se sustenta nem cientificamente e nem eleitoralmente. Tem gente que insiste em não levar em conta a realidade, infelizmente.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.

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