Já ouvi taxar de loucura as vezes que Carlos Aranha escreveu sobre um planeta estranho, com denominação estrambólica, mistura “insoletrável” de consoantes, vogais e números: GB240Pi. Li também em Bráulio Tavares essa curiosa invenção, lembrando as revistas de Flash Gordon, ficção científica ou Antoine de Saint-Exupéry criando planetas para as viagens interplanetárias do Pequeno Príncipe. Esses amigos cronistas, com tanto assunto aqui em baixo, ficam mirando o além das estrelas, descobrindo, a olho nu, o que o vulgar não enxerga ou procurando coisas melhores que este mundo não mais oferece. Visionários? Talvez, foram assim taxados os que pediram barcos para descobrir terras no além-mar, já então motivados pela poesia: “Navegar é preciso”, do “visionário” Fernando Pessoa. É, os poetas imaginam mundos que, às vezes, acontecem... Sempre pedi a mim mesmo só morrer depois que visse gente de outro mundo, nem que fosse alma penada, errante no escuro, já que os medos da infância se foram... Contudo, prefiro alienígenas à alma para me darem certeza de que Deus não criou apenas a humanidade de Balzac, engenhosa em artifícios, em defeitos, com as más “virtudes” da inveja, da ganância, da violência, enfim, do egoísmo que causa corrupção e que macula a beleza humana. Encontrei, na vida, pessoas excepcionais como a magnânima Adylla Rabello; também uns taxados de louco, de excêntrico; “marginalizados”, mas que não pisam na lama do rio fora das suas margens; do rio que seca a fonte, polui a vida, o caminho e o mar. É quando o mar é preciso... Dias atrás, confirmou-se o que Bráulio e Carlos vinham escrevendo: Há planeta como a Terra, com nome diferente dos da nossa Galáxia, quase como placa de carro: Kleper – 186 f. Sei que muito antes desses dois, o terrestre Giordano Bruno falou “a loucura” de que, fora do nosso sistema, há outros sistemas. Por isso, a Inquisição o queimou vivo numa fogueira; mas não negou, ele afirmou, com toda convicção e contra o antropocentrismo, que nós não somos os únicos... Recusada a sua estraneidade, esses “doutores” o torturaram, mas ele resistiu e morreu em pé, amarrado entre chamas... Essa “nova” Terra é semelhante à nossa, com condições de vida, apenas bem maior, o que significa inexistência dos “sem terra”. Por lá, Bráulio e Aranha, existiriam viventes, gente como a gente? A cultura deles seria relativa ou universal? Que lá não haja ouro...
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