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Opinião
11/08/2015 - 07h00
A precariedade da vida policial
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A precariedade psicológica do policial – que o expõe à prática de suicídio e cometer excessos – é uma grande preocupação e carece de sérios procedimentos das autoridades para sanar os desvios psicológicos e comportamentais que surgem e se agravam em razão do exercício da função. Seu trabalho o conduz exclusivamente a áreas de conflito (não fosse assim, não haveria necessidade de polícia) e ele acaba somatizando e transformando-se numa perigosa bomba que tanto pode implodir (suicidando-se) quanto explodir, extrapolando em suas funções. Um em cada três policiais militares e um quarto dos civis apresentam sofrimento psicológico e 70% dos integrantes de unidades que atuam em áreas violentas têm quadros de depressão.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 76% dos policiais já sofreram ameaças diretas, os demais foram ameaçados veladamente e 70% possuem colegas que foram assassinados. A preocupação vai além da própria vida, com 76% acreditando que suas famílias podem ser alvos. Para se proteger, boa parte evita transporte público e esconde o distintivo. A maioria sente falta de equipamentos de proteção e não se vê apoiado pelo governo e pela sociedade. “O policial se sente sozinho e desamparado, e esse estado de alerta constante é altamente prejudicial”, lembra o coronel Róbson Rodrigues, chefe do estado-maior da PM fluminense. O quadro não é diferente em São Paulo, em outras capitais e até no interior.

As corporações possuem serviços de acompanhamento psicológico, mas isso não basta. É preciso uma completa reengenharia profissional. Condições de trabalho e salário compatíveis são fundamentais. Há muito tempo, o policial faz bico para complementar seu salário. Em vez de corrigir os salários e proibir o bico, o governo criou a “função delegada”, onde, em vez de descansar, o policial usa sua folga para trabalhar num bico pago e oficializado pela prefeitura. Agora, até a licença-prêmio foi transformada em pecúnia. Como vive financeiramente vulnerável, o policial aceita “vender” sua folga e sua licença-prêmio e segue sua vida como bomba humana. Os governos, corporações e a sociedade precisam atentar para esse grave problema que infelicita a classe, mas também atinge a comunidade.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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