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Opinião
10/05/2005 - 09h52
É fogo, idiota!
Percival Puggina - MSM
 

Parece não haver limites para a audácia de certos setores da esquerda. A recente "cartilha do politicamente correto", lançada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, órgão com status de ministério no governo Lula, relaciona vocábulos e expressões que devem ser evitados porque se prestariam para discriminação. O rol é extenso.

Não vou entrar em detalhes porque a matéria pode ser encontrada em várias fontes para conhecimento e avaliação dos leitores. Basta procurar na Internet pelas quatro palavras colocadas entre aspas no parágrafo anterior. Desejo tratar da questão em termos mais amplos, ou seja, sobre o que significa a elaboração de um documento ministerial com intuito de interferir no idioma e proclamar que determinadas palavras não deveriam ser pronunciadas.

Com atraso de quase meio século, lentamente, a sociedade brasileira vem sendo informada sobre as técnicas gramscianas de domínio da linguagem e sobre a importância delas para a formação da hegemonia comunista. Na verdade, o fenômeno posto em marcha só começou a ser percebido quando todo mundo já estava usando, mesmo sem saber e querer, o vocabulário que convém a essa hegemonia porque está associado aos conceitos com que opera seu processo de comunicação. Você provavelmente não sabe quem foi Antonio Gramsci, não faz a mínima idéia do que ele concebeu, mas está trabalhando para ele.

Eis que agora pretendem um novo passo. Não basta usar as palavras que convêm, é preciso, também, retirar do vocabulário as que não servem. Uma delas - surpresa! - é a própria palavra comunista. A cartilha do ministro Nilmário Miranda proscreve-a porque: "contra eles foram inventadas calúnias e insultos, para justificar campanhas de perseguição que resultaram em assassinatos em massa, de caráter genocida, como durante o regime nazista na Alemanha".

Pronto. Deixa de existir o vocábulo que define alguns dos maiores monstros do século XX, que expressa um sistema político responsável por cem milhões de mortos na sua trajetória de horrores em quatro continentes, que resume idéias expressas em partidos políticos existentes no país, e que tem seu trágico símbolo e seus lamentáveis ícones em lapelas e camisetas que transitam em nossas ruas. E deve ser suprimida do uso corrente porque está associada a "calúnias e insultos" contra seres certamente angelicais e modelos de benevolência, harmonia e liberdade. Olha que é preciso ter coragem para produzir, imprimir e distribuir uma estupidez desse porte em âmbito governamental.

E é preciso estarmos sob anestesia para que uma coisa dessas não provoque mais do que esparsas reações num reduzido grupo também ele disperso de analistas ainda capazes de compreender o que está acontecendo. Não faltará, por fim, quem nos tome por impacientes porque não gostamos de ser tratados como idiotas, nem quem acuse tais reações de serem alarmistas, como se alarmista fosse quem grita "fogo!" quando lhe estão incendiando a casa.


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

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