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SEÇÃO
Crônicas
14/08/2015 - 15h14
Remando contra (ou a favor?) d(a) corrente
Marina Alves
 

Ponho o pé fora do portão e avisto na calçada o embrulhinho branco dentro de um plástico, colado com fita durex. E a curiosidade? Claro que eu abro, imagina se não. Desdobro a folha tipo ofício e saio lendo pela rua: é uma cópia de uma corrente milagrosa de oração.

A mensagem diz que quem for agraciado com o achado, no caso eu, deverá fazer quatro cópias diárias, durante sessenta dias. Nuuuusssa! Dois meses! É muito tempo, distribuindo oração hein? Mas a compensação vem logo, num parágrafo destacado.

“Tudo o que quiser você conseguirá!”

Oba! Essa parte é boa! Por alguns minutos divago: o que ando querendo? Dinheiro? Amor? Saúde? Felicidade? Aumento de salário? Tranquilidade para a família? Amizades sinceras? Bem grande a fila dos desejos a se pensar! Imagina se entra ainda o espírito humanitário e me ponho a pensar nesse mundo que tá um caos, a começar pelo meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro, terra de samba e pandeiro... deixa pra lá.

Deixo pra depois o que vou desejar, caso resolva espalhar a cartinha aos quatro ventos. Sim, depois... porque no momento, o que leio me deixa estarrecida: o dono de um escritório precisou de um milhão de reais, e glória a Deus! Ele ganhou. E ganhou antes de completar os sessenta dias exigidos! Mas, que pena! Não completou a corrente e teve uma série de problemas. O texto não detalha quais, mas eu imagino todos.

Não bastasse o pobre dono do escritório sofrer a desdita, outro dono, agora de uma padaria, perdeu seu único filho — o único! — por também ter abusado da sorte e interrompido os elos milagrosos da oração. Confesso, não há como evitar um calafrio na espinha, a coisa é mesmo muito séria.

Leio ainda: “Não rasgue! Não guarde! A corrente precisa circular. Jogue nas residências, nas ruas, ou onde circulem pessoas” (nesse caso, não tem como, avalio o impacto ambiental). Resumindo, a corrente é uma batata quente. Quem achou, como eu achei, não tem alternativas! O jeito é fazer circular. Mesmo porque, avisam as proféticas linhas, a pessoa pode ter uma séria decepção (financeira, amorosa ou familiar). Cruzes! Mas que azar achar um papel desse, hein?

Agora o que leio é mais animador: “Tenha fé e confie, pois terá surpresas maravilhosas nos próximos dias”. Outro inevitável calafrio. Quem resiste a uma boa surpresa? Sur-pre-sa! Ô palavra poderosa pra mexer com a gente. E seriam estas surpresas nas áreas amorosa, financeira, familiar, ou do trabalho? Benza-as Deus, qualquer uma delas, pois seja em qual for será muito festejada! Opa!

Por fim, as recomendações determinam que ao se cumprir as tarefas da corrente, sejam rezados um Pai Nosso e uma Ave Maria para o anjo da Guarda do Correntista — não de conta bancária — mas da corrente mesmo. Claro, imagina distribuir quatro cópias diárias durante sessenta longos e exaustivos dias e não rezar nada. Que sentido isso ia fazer? Afinal, Deus tá por conta de bancar tantas graças, sem receber nem uma rezinha em troca? Vê lá!

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