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Crônicas
15/08/2015 - 16h35
Chiquinho do Cavaquinho
Dartagnan Ferraz
 

Se tem uma cidade em Pernambuco que possuiu e possui tipos populares incríveis, essa cidade é Pesqueira. Ela outrora (eita palavrinha chata da gota serena) foi sede de grandes fábricas de doces e derivados de tomate, como a Peixe, Cica, Rosa e Tigre. Fecharam. Hoje é a Terra da Renascença e dos índios Xukurus, também famosa pelo aparecimento de Nossa Senhora no Sítio Guarda. Uma cidade arretada, charmosa e fascinante.

Mas vamos aos tipos populares. Hoje vou tratar apenas de um deles: o saudoso Chiquinho do Cavaquinho, um monstro sagrado no cavaquinho, nunca vi ninguém tocar esse instrumento como ele, e vi grandes músicos, inclusive a nível nacional. Chiquinho pertencia a famosa Turma da Velha Guarda, um extraordinário grupo musical que tocava nas serestas, serenatas e na Rádio Difusora de Pesqueira.

Chiquinho apesar de frequentar as serenatas e serestas e ser boêmio não era de beber muito. No outro dia estava novo, era fiscal da prefeitura e dava expediente normal. Parece que estou vendo-o, gordote, meio carrancudo, de chapéu de palha, com uns óculos fundo de garrafa, passando para ir para a prefeitura. Mas tocando cavaquinho era o cão chupando manga. Ele era também o comandante do bloco mais famoso do carnaval pernambucano do interior: O Lira da Tarde.

Chiquinho era alguém de bem com a vida. A bem da verdade, além das dificuldades financeiras, só tinha um problema: o filho Carlos Oião. Esse rapaz bebia muito. Ele passava jogo de bicho, anotava uma aposta e depois ia na bodega ou bar e tomava uma lapada. Sempre chegava em casa bêbado, e levava uma esculhambação do pai. Mas um dia Carlos chegou depois do meio-dia, na hora que Chiquinho chegou para almoçar. E Carlos foi chegando aos baques. Antes dele entrar em casa, Chiquinho saiu e começou a esculhambá-lo com raiva, chamando-o de cabra safado, sem-vergonha, escroto e o diabo a quatro. Mas aí, Dona Maria, a esposa dele que era doida por Carlos, interviu dizendo: “Que é isso, Chiquinho, você ficou doido, homem de Deus, caluniando o nosso filho, você vai terminar fazendo ele ficar complexado, deixe o menino entrar”. Chiquinho não tinha força para Dona Maria, mas puto da vida, disse: “Pode entrar Excelência, General Médice. Entre Dom Helder Câmara. Entre Doutor Moacir (o dono da Peixe). Pode entrar vossa excelência é um grande homem, tá satisfeita Maria?”. Naquele dia Chiquinho não almoçou com raiva. Mas depois tudo voltou ao normal. Que saúde de Chiquinho do Cavaquinho, principalmente quando ele solava Delicado. Ah, saudade.

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