— Então, Sô Orlando... Anima de pegar a reforma? — Uai, se a sora confia, dona Maria... — Sobre a questão do telhado eu tava pensando... — Hum... — Eu queria ele caindo pros quatro lados... Mas aí tem a água da chuva... — É... — Se a gente pôr uma calha caindo ali, tem jeito? — Uai, tê jeito tem... — Esse cano que vem de cima atrapalha... — Hum... — Só se a gente pusesse um joelho e virasse ele pra fora, tem jeito? — Uai, tê jeito tem... — Eu não gosto de telhado “caixotinho”, Seu Orlando... — Hum... — Queria deixar um beiral, forrar com cedrinho, pra evitar pardal, né? — Hum... — Mas do lado de lá tá meio sem espaço pro beiral, né? — Hum... — E se a gente diminuir a medida, tem jeito? — Uai, tê jeito, tem... — Ah, e essa mão francesa na janela de lá, tá pegando a parede... — Hum... — Se bem que a gente podia cortar um pouco nela, tem jeito? — Uai, tê jeito tem... — Ali tem que descer o cano das águas, vai ficar feio pra chuchu... — Hum... — Só se gente envelopar, dar uma disfarçada, tem jeito? — Uai, tê jeito tem... — Aqui vai uma laje, mas tem que ter uma sustentação... — Hum... — Tô pensando uma viga aérea e um pilar ali, tem jeito? — Uai, tê jeito tem... — E essa porta tinha que abrir pra esquerda... — Hum... — Isso tá meio esquisito... — Hum... — Só se gente fizer uma boneca pro lado de cá, tem jeito? — Uai, tê jeito tem... — Vamos começar o serviço? Semana que vem tem jeito? — Uai, tê jeito tem... — Uai, por que o senhor tá olhando assim pra mim, Sô Orlando? — Tô aqui pensando, dona Maria, a sora é tão intindida do meu serviço que nós podia era trocar de lugar...
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