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Crônicas
13/09/2015 - 10h00
A buchada
Dartagnan Ferraz
 

Em 1968, em plena ditadura, houve eleições municipais, menos nas capitais. O MDB pernambucano só venceu em quatro das cento e quarenta e tantas cidades do interior: Olinda, Caruaru, Garanhuns e Pesqueira.

Ninguém queria se filiar ao MDB. Foi uma via crucis fundar o partido em Pesqueira, mas, enfim, conseguiram. O candidato foi Luiz Neves que já havia sido prefeito em 1959 pelo PTB, partidário ferrenho de João Goulart. O governo estava dando a carga toda, ajudado pelas grandes fábricas de doce e de concentrados de tomate, os conservadores e os latifundiários. Uma luta desigual, mas o candidato da oposição era popular e tinha muito carisma. Com ele só havia alguns amigos e uma bandinha de pífanos. Uma campanha franciscana. Só contava de veículos com um jipe velho e um caminhão de um amigo e parente. Na cidade estava muito bem, disparado, mas precisava ganhar também na zona rural. O distrito mais difícil era a Vila de Cimbres. Por isso marcou um comício lá. Levou o caminhão com amigos e que serviria de palanque, e o jipe com o estado-maior, quase todos biriteiros.

Chegando lá fizeram um comício danado de bom, depois foram para a casa de compadre dele comer a tradicional buchada. Antes no alpendre da casa tomaram algumas garrafas do precioso líquido, Pitu. E ficaram conversando miolo de pote, contando piadas, relembrado coisas passadas, enquanto a dona da casa dava os últimos retoques na buchada. Depois de um certo suspense eis que colocaram a iguaria numa mesa enorme. O animador do comício, o maior contador de anedotas de Pernambuco, Laurene Martins, assim que abriram um daqueles saquinhos costurados da buchada e emanou o “cherim” tradicional de buchada de campanha política, disse baixinho no ouvido do candidato: “Luiz, a buchada tá com aquele cheirim de merda”. O candidato, um sujeito realista e conhecedor dos meandros da política, respondeu a ele também baixinho: “Laurene, para ganhar a eleição eu como até merda”. Comeu e venceu a eleição.

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