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SEÇÃO
Crônicas
21/09/2015 - 15h11
Dostoeivski
Zélia Maria Freire
 

Não gosto da poesia de Lord Byron, mas gosto de uma atitude dele, que foi esta: na infância um amigo seu apanhava de um outro garoto. Byron, com a voz trêmula e os olhos cheios de lágrimas, perguntou para o troglodita lá quantos socos pretendia dar em seu amigo. Surpreendido, o garoto indagou o motivo da pergunta. Byron, disse: “Se não se importar, gostaria de receber a metade”. Por lembrar de Byron, me veio à mente a figura de alguém que nesta vida não passou de um poço de sofrimento – nem por isso deixou de se tornar um dos mestres da literatura universal – e que na sua adolescência via em Byron a exaltação dos sentimentos, o arroubo emocional pelos problemas da existência; como via em Victor Hugo o culto das tradições populares, o ardor patriótico, a preocupação social; em Shakespeare, a certeza de que os sofrimentos expressam as falhas da natureza humana, não envolvendo, como na tragédia grega, determinação divina; em Cervantes a revelação do homem bom, tão bom que não se ajusta a este mundo e, finalmente, em Homero, enxerga o símbolo da coragem, o sofrimento de Ulisses o leva a acreditar o quanto é difícil alcançar a felicidade, haja vista sua existência repleta de padecimento. Toda essa gama de idéias formaram bem mais tarde Fiódor Mikháilovitch Dostoievski no grande escritor que o mundo conhece até hoje. Ele que acreditava que “O segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas ainda em encontrar um motivo de viver”. Que vida teve esse homem? Na infância, por conta de um pai de temperamento despótico e brutal e a passividade triste e nervosa da mãe, sofreu horrores. Na sua juventude, por suas idéias políticas foi condenado a morte e no dia da execução, quando os guardas prepararam as armas e os prisioneiros se preparavam para entregar o corpo às balas, os tambores deixaram de rufar, houve o toque do clarim e a pena foi comutada em prisão perpétua com trabalhos forçados na Sibéria. Tempos depois foi perdoado e deixou a prisão. Começou a se interessar pela literatura de forma mais intensa, publicou algumas obras sem muito sucesso; tornou-se um ser solitário, não foi feliz no amor, entregou-se ao vício do jogo, sofria de epilepsia; contraiu dívidas e mais dívidas, vivia fugindo dos credores e do país. Morreu no ano de 1881 e nos deixou verdadeiras obras-primas tais como: Os Possessos, O Adolescente, Diário de um Escritor, Os Irmãos Karamázovi e Crime e Castigo. Há de se ressalvar que apesar da crítica não ter visto com bons olhos, foi com a publicação de O Idiota em 1868, que Dostoivski tornou-se ídolo dos leitores de sua terra, guia espiritual, exemplo de força e coragem e ficou conhecido como o Escritor da Rússia.

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