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Opinião
24/09/2015 - 07h01
Arrastões e chacinas, o outro lado do crime
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A volta dos arrastões no Rio de Janeiro e as chacinas em São Paulo e em diversos outros pontos do país constituem-se nas novas preocupações na área da segurança pública e merecem sérias e amplas reflexões. Esses acontecimentos, produtos de uma grave ruptura social, causam comoção e, invariavelmente, buscam identificar os autores e estabelecer a mais severa punição a cada um daqueles que forem identificados na conduta criminosa. Mas, tudo isso, depois do apagar dos holofotes pouco ou nada contribui para que episódios da mesma natureza continuem ocorrendo e desassossegando a comunidade.

Em vez de simplesmente punir os praticantes de arrastões e só permitir a ação da polícia depois do crime consumado, como têm ocorrido no Rio, é preciso fazer algo mais efetivo e buscar as raízes do problema. Saber qual a motivação de tantos jovens e adultos praticarem esse tipo de crime é o começo de qualquer trabalho que possa levar à solução do problema. Deixar a polícia fazer o seu trabalho preventivo é um paliativo que pode reduzir o número de ocorrências, mas não é a solução. Esta deve vir de medidas de governo através de diferentes serviços de apoio à comunidade e não só da repressão pura e simples.

As chacinas também carecem de atitudes que vão além da apuração do fato ocorrido e da penalização dos que restarem identificados como autores, sejam eles policiais ou não. Exigem a identificação do problema na raiz, especialmente apurando-se o fator que motivou os autores a praticarem os atos. É necessário do Estado, por seus meios, procurar saber e resolver o motivo que leva policiais ou grupos (isso pouco importa) a se organizarem para sair matando aqueles que lhes são ou pareçam hostis. Infelizmente, para as mortes já ocorridas, não há solução. Mas elas não terão sido em vão se as autoridades, órgãos competentes e até os braços especializados da universidade e da sociedade se dispuserem a conhecer o problema até a raiz. Saber qual é o temor que move os envolvidos no cometimento das chacinas pode ser um bom começo. Policiais ou não, é preciso entender que todos são seres humanos, portadores do instinto de conservação e, nessas condições, dotados do medo como freio e arma de defesa. Não vamos nos esquecer o relato do cotidiano, onde viaturas e bases policiais são metralhadas por assaltantes em ação, policiais à paisana são mortos em assalto ao serem reconhecidos como policiais e até casos onde são perseguidos e mortos como represália a trabalhos realizados. O início de um trabalho sério requer apurar minuciosamente o que os teria levado ao descontrole.

Desafortunadamente, vivemos numa sociedade imediatista e nada comprometida com a motivação dos problemas. É preciso reprogramar o foco das ações. A prioridade tem de ser evitar a ocorrência do crime. Não basta e nem resolve o problema o simples tratar com mão-de-ferro aqueles que já delinqüiram. Independente da identificação e julgamento dos que já praticaram os ilícitos, é preciso ações preventivas para evitar a continuidade dos arrastões, chacinas e de todos os tipos de crimes, inclusive o da corrupção...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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