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Opinião
27/09/2015 - 12h07
Carta de um órfão
Fernando Piccinini
 

Reza a lenda, que fui colocado em uma caixa de sapatos quando tinha três meses de idade. E essa caixa, deixada na porta de uma agência de propaganda. Fui adotado por todos. Meu berço tinha os desenhos mais coloridos e malucos, me ninavam com jingles dos cobertores Parahyba, da Varig-Varig-Varig e a pergunta que não calava era: “o que você vai ser quando crescer?”. E eu balbuciava enquanto tomava a minha Cerejinha: “salsicha, ué!”.

Com sete anos atravessava a Praça da República, o Largo do Arouche, cortava a Duque de Caxias, subia dois lances de escada e colocava um estéreo de chumbo de 20 kg no guichê de entrega de materiais da Folha. O funcionário do plantão já sabia quem era e gritava lá para dentro: “o anãozinho da Rino chegou, capricha na colocação”.

Acelerando o relógio, chegamos em 1974 e eu escrevo o meu primeiro roteiro para a Bic. Surpresa! O Diretor de Criação da época levou a sério e, mais grave, levou ao cliente, que aprovou a ideia na hora com o seguinte comentário: “excelente, é a cara do nosso público jovem”. Dia da apresentação do filme pronto, eu disfarçado de operador do projetor (na verdade eu era o operador do projetor) e o filme é aprovado sob aplausos, brindes e abraços (eram tempos em que os clientes não escondiam as emoções).

Assim, ganhei minha primeira máquina de escrever. Uma Smith Corona elétrica que já tinha acolhido os textos de Gianfrancesco Guarnieri, Juca de Oliveira e tantos célebres que passaram pela agência.

Corro o calendário em décadas e aqui estou em agosto de 2015 provocado a pensar o que já fiz na vida ao ler, com a lente embaçada, o texto hipnótico do Marcello Serpa contando a todos nós que, “é hora de voltar”. Não consigo acreditar. É vírus! Boato! Pegadinha! Por que o melhor diretor de arte do planeta, um dos melhores profissionais de comunicação que os meus 40 anos de trabalho já viram, resolveu parar? Ele se coloca com a sinceridade dos que não temem e, mais uma vez, só me resta aplaudir. E fazer um pedido: “Marcello, que tal após um mais que merecido descanso, você se dedicar ao que mais precisamos: seja o Mestre de muitos. Multiplique seu pensar, sua Arte, o como fazer com respeito, ética, brilho. O mundo da propaganda, o Brasil da propaganda, dos negócios, da política precisam da sua liderança.”

Estou me sentindo órfão. De novo.


Nota do Editor: Fernando Piccinini é vice-presidente de criação da Rino Com.

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