O Brasil sangra na crise econômica e no desvario da política. Ao mesmo tempo que estamos em recessão, com o PIB (Produto Interno Bruto) em queda, o fechamento de 1 milhão de postos de trabalho no intervalo de 12 meses e a administração pública – federal, estadual e municipal – naufragada em gastos maiores do que a arrecadação, o governo populista busca ajustes via aumento de impostos, pouco corta de seus gastos, e a presidente empreende frenética luta para se livrar do impeachment. A distribuição de ministérios e o loteamento de cargos governamentais – muitos deles criados exclusivamente para servirem de moeda de troca política – é o grande fantasma que persegue o país acima de ideologia e de quaisquer outras variáveis políticas. O que vemos Dilma fazendo hoje, oferecendo ministérios a parte do PMDB é apenas a repetição daquilo que Fernando Collor fez com o então PFL (hoje DEM) pouco antes de ser afastado da presidência da República, em 1992. Mudam apenas os personagens, mas não a situação. Infelizmente, o conceito que se faz de democracia no Brasil é o “liberou geral”. A liberdade conquistada após os períodos autoritários acaba vindo recheada pela libertinagem política. Os governos democráticos são legitimados através do voto colhido da população mas o poder se faz efetivamente pela negociação entre as diferentes correntes que nada têm de delegação popular. Os ganhadores das eleições empregam os perdedores, conquistam com ministérios e benesses aqueles que deveriam ser a oposição fiscalizadora, e tudo continua como antes. Vivemos hoje apenas mais um lance da dramática história política de um país que, como diz a velha música, vive “de deu em deu”. Os mesmos se revezam nos escaninhos do poder por décadas, e o Brasil, sempre, é o país do futuro, um futuro que nunca chega. É preciso que as forças da sociedade, acima de partidos e ideologias, busquem sinceramente uma saída para a cíclica crise que nos acomete. Há que se ver os partidos que realmente atuam pela causa pública e aqueles que só lutam por vantagens para seus integrantes e dizer isso claramente ao eleitor. Só alcançaremos o verdadeiro grande destino no dia em que os governos não forem mais o resultado de espúrias coalizões e que aqueles que se dispuserem a fazer política a façam para servirem ao país e não dele se servirem... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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