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Opinião
09/10/2015 - 07h02
`Reino Unido, vá para o inferno´?
Percival Puggina
 

O pequeno vídeo (4 min.), que pode ser visto aqui com legendas, impressionou-me vivamente. Ele mostra uma jovem, Stacey Duley, apresentadora de TV, visitando sua cidade natal, no interior da Inglaterra. Luton fica a 90 km de Londres e tem uma população 260 mil habitantes. Pequena parcela, pouco menos de 10%, é muçulmana. Durante essa visita, Stacey gravou um programa para a BBC com o título My Hometown Fanatics (Os fanáticos da cidade onde nasci). Nas filmagens que fez e nos depoimentos que colheu, ela registrou um protesto da comunidade muçulmana e interagiu com os manifestantes. O grupo estava contrariado com a prisão de uma senhora cujo marido fora detido como terrorista após explodir uma bomba em Estocolmo. Os manifestantes gritavam bordões mandando ao inferno o Reino Unido e a Polícia Britânica. Em breves entrevistas selecionadas para esse pequeno vídeo, eles lhe dizem que, segundo o Corão, não deviam se submeter a qualquer lei não islâmica, que o primeiro ministro David Cameron não era muçulmano e que todos os não muçulmanos arderiam no inferno. Há muito mais no My Hometown Fanatics, na versão integral, mas sem legendas (aqui). Entre outras entrevistas e imagens, há afirmações sobre a superioridade da sharia (o Direito islâmico), veem-se muçulmanos distribuindo nas ruas panfletos com condenações à democracia e à liberdade porque tais atributos estariam “destruindo a sociedade inglesa”. E há também, obviamente, reações a tudo isso por parte da sociedade local.

Para não ficar preocupado ao assistir esse documentário basta estar desinformado sobre os acontecimentos que se desenrolam com violência interna em praticamente todo o Islã. Basta nada saber das guerras tribais e étnicas e dos conflitos multisseculares entre sunitas e xiitas. Basta não ter a mínima ideia sobre a pluralidade de organizações terroristas com planos para destruir o Ocidente, objetivo político explicitamente desejado e entendido como dever religioso. E note-se: não escrevo apenas sobre fatos recentes. Os fatos recentes são mera continuidade, por outros meios, da jihad iniciada no 7º século, que levou o Islã pela espada a boa parte do globo, e que prosseguiu, ininterruptamente, até os dias de hoje.

O mundo islâmico precisa parar de atribuir ao Ocidente a culpa de seus males. Tem que olhar para seus 1400 anos de conflitos internos e fazer a própria reflexão sobre os motivos de sua estagnação, de sua pobreza e das aflições que se autoimpõe. Todos os bens tecnológicos e materiais que a civilização proporciona ao mundo islâmico procedem do Ocidente porque a cultura do Islã estagnou no século 15. Não é razoável, que um muçulmano encontre na terra onde nasceu motivos tão fortes quanto os necessários para abandoná-la, migrando para países cuja cultura odeia e, depois, pretenda moldar esses países segundo seus próprios e superados padrões. Há algo muito errado nisso aí.

Uma coisa é o acolhimento misericordioso, pelo Ocidente, dos fugitivos das guerras e conflitos étnicos e religiosos; outra, bem diferente, é a abertura imprudente das fronteiras num tempo em que os promotores dessas mesmas guerra e conflitos, no discurso e na prática, hostilizam e atacam o Ocidente com atos terroristas.

A única solução boa para a guerra e suas consequências é a paz. Mas as decisões pacificadoras não podem ser adotadas unilateralmente quando você tem uma porção do Islã que, apesar de minoritária, envolve dezenas de milhões de pessoas, sentindo-se religiosamente comprometida com a extinção dos ditos infiéis. Sob condições tão drásticas e perigosas resulta ingênuo e imprudente o discurso que quer tornar compulsória a acolhida fraterna e generosa de quantos batam às portas do Ocidente. Deveríamos ponderar sobre os motivos pelos quais esse acolhimento não encontra correspondência entre os próprios muçulmanos, cujos países abastados se trancafiaram aos irmãos de fé. Lá não! Pelo viés oposto, em mais de meia centena de países islâmicos, e há muitas décadas, as comunidades cristãs residuais têm sido objeto de perseguição, massacres, taxação por motivo religioso, expropriação e expulsão.


Nota do Editor: Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

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