O Brasil, para reentrar no eixo, precisa, com urgência urgentíssima, da definição da votação do ajuste fiscal. As sucessivas medidas eleitoreiras adotadas pelos governos quebraram a estabilidade econômica e ela precisa ser readquirida. É necessário desmontar todas as estruturas que encarecem e tornam ineficiente a máquina governamental e, além disso, restabelecer o sistema contributivo, poluído por desonerações, renúncias fiscais e outras medidas populistas que podem sustentar temporariamente o governante, mas quebram a economia nacional. O ministro Joaquim Levy, no exercício de suas responsabilidades, apenas cumpre sua obrigação ao propor o remédio amargo dos impostos e da redução dos gastos. Adota aquilo que todos os chefes de família fazem nas épocas em que o dinheiro não é suficiente para pagar todas as contas. Mas o governo, pressionado por aqueles que deram seu voto e o apoio movidos por benesses, hesita em dar o remédio amargo que poderia “curar” o mal que hoje acomete nosso país. Dilma Rousseff sofre a impossibilidade de cumprir o prometido em campanha mas aqueles que poderão sucedê-la, no caso de renúncia ou impeachment sabem que, se chegarem ao governo, terão de ministrar o remédio ruim porque, sem ele, o Brasil não volta ao bom destino. Temos agora uma incômoda situação onde, afora as questões que circulam pelos tribunais eleitoral e de contas e a apuração dos atos de corrupção que envolvem órgãos estatais e figuras do governo, a economia padece. É preciso tirar o país dessa viela sem saída. Chegou a hora da classe política – senadores, deputado, partidos e lideranças – pensarem mais no país do que em si próprios. De nada adiantam os projetos-bomba, o retardo na discussão dos vetos e o cozinhar do “impeachment” em fogo brando. O momento exige ação e decisão. Os congressistas só demonstrarão à sociedade o seu comprometimento com a causa pública se, sem meias palavras, decidirem o que tem de ser decidido, seja a favor ou contra o governo. E a presidente tem o dever cívico de lutar para recolocar a casa em ordem mas, se chegar à conclusão de que não conseguirá, renunciar imediatamente e permitir que o país tente reencontrar o seu caminho através de outras mãos. Não se pode esquecer que o Brasil está caindo, mas ainda é uma das dez maiores economias do mundo e seria um desperdício tudo isso naufragar pela incompetência de se eleger um bom governo e uma classe política comprometida com os ideais do povo e da sociedade... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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