Gosto de lembrar os filmes que marcaram profundamente o final dos anos 50 e começo dos 60, alguns deles são, para mim, inesquecíveis. É o caso, por exemplo, de “Suplício de uma Saudade”. Adoro o filme e a música tema dele. No caso desse filme, a música é incrível, irresistível, é um dos maiores clássicos musicais de todos os tempos: a canção “Love is many-splendore thing”, que significa mais ou menos “amar é a coisa mais sublime que existe”, ou, vá lá que seja, “amar é a coisa mais esplendorosa” (não gosto dessa tradução). Mas a música é divina. O enredo do filme é resumidamente o seguinte: uma médica eurasiana, a doutora Han, enamora-se de um correspondente americano Mark, papéis vividos magistralmente por Jenifer Jones e William Holden. O amor deles enfrenta os preconceitos de praxe, as eurasianas eram muito discriminadas pelos europeus e americanos. Além disso, existia a guerra fria entre o mundo ocidental e os países socialistas. A história se passa em Formosa que hoje, salvo engano, chama-se Taiwan, vizinha da China Vermelha. O amor deles, apesar das dificuldades, vinga, mas aí, sempre há um aí, o correspondente de guerra americano é chamado para fazer a cobertura da guerra da Coréia. O casal se separa e fica se correspondendo por cartas. Então o destino, mais do que a discriminação e o preconceito, conspira contra esse grande amor e, um dia, a doutora Han toma conhecimento da morte de Mark um ataque aéreo. Coisa da guerra, mas que arrasa a doutora Han. Ela se desespera, chora, vaga pelas ruas a esmo, até que resolve visitar o pomar que fica numa elevação de uma Igreja, onde o casal sempre se encontrava, local onde um dia ela se aperreara porque ele se assustou com uma borboleta, isso para ela gerava má sorte. Ela fica ali triste absorta até que tem uma visão: vê Mark se aproximando da elevação como das últimas vezes que ali se encontraram e se despediram. Ela vibra, se emociona, mas aí, como em toda visão, ele desaparece, então ela se entristece outra vez, mas tudo indicando que seria sempre fiel ao seu grande amor. A música aumenta de intensidade, aparece na tela a tradução da letra, a doutora sai andado, descendo a elevação até que aparece na tela o famoso “The end”. É um filme triste, mas emocionante. Uma bela história de amor.
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