Ser a sede do maior evento esportivo do planeta, as Olimpíadas, sem dúvida envolve, de certo modo, todos os brasileiros e marca uma importância histórica para o Brasil. E receber um evento deste porte exige dotar o país dos meios necessários para receber, com segurança, milhares de turistas, autoridades, delegações, imprensa, entre outros. Só de visitantes estrangeiros são esperadas mais de 300 mil pessoas no Rio de Janeiro. A modernização e acessibilidade das infraestruturas vitais, bem como assegurar as condições adequadas de segurança, transporte e mobilidade aos visitantes e aos cidadãos, cuja rotina de vida não pode ser afetada em função do evento, são pontos fundamentais para garantir o sucesso do evento. Em termos de segurança, o Rio de Janeiro terá a maior operação da história do estado, conforme anunciado pela Secretaria de Segurança do Estado do Rio. E a tecnologia e as ferramentas de gestão avançadas têm promovido um verdadeiro salto de qualidade no acompanhamento das ações de proteção e defesa nos espaços públicos das cidades modernas, contribuindo para a maior eficiência dos órgãos envolvidos com a segurança do cidadão. Hoje, os principais centros urbanos de diversos países utilizam com êxito o conceito de Centro Integrado de Comando e Controle de Segurança, buscando minimizar o impacto de situações tais como atentados, catástrofes climáticas e, inclusive, de grandes públicos. Nestas situações, os centros de comando e controle garantem a segurança pública integrando informações oriundas dos diversos agentes e corpos envolvidos em uma situação de crise e possibilitam a tomada de decisões de forma conjunta, mobilizando as Forças de Segurança e Emergência como as forças policiais, o corpo de bombeiros, emergências sanitárias, agentes de tráfego, entre outros. Um exemplo de referência bem ao nosso lado é o Centro Único de Coordenação de Emergências da Cidade (CUCC), implantado em Buenos Aires em 2011, que se converteu em um pioneiro centro de comando e controle da América Latina, onde foi empregada a mesma tecnologia do Centro Integrado de Segurança de Emergências da Cidade de Madrid (CISEM) que permite coordenar a resposta rápida e integrada de todos os órgãos perante qualquer tipo de sinistro, catástrofe, desastres naturais, atentados e emergências. Depois da Copa do Mundo, receber as Olimpíadas colocará novamente o Brasil no centro das atenções. Imaginem o fluxo nos aeroportos, as filas e aglomerações de pessoas que transitarão nestes espaços, o incremento do tráfego aéreo e das vias que dão acesso aos locais da competição e aeroportos. Neste sentido, já estão implantadas em muitos países tecnologias que minimizam drasticamente a participação direta dos agentes de fronteira para regular o acesso de pessoas. Na Espanha, por exemplo, o número de visitantes que o país recebe sofre um aumento muito significativo em determinada época do ano e a grande maioria utiliza os aeroportos de Barajas, em Madrid, e El Prat, em Barcelona, como porta de entrada. Com o intuito de controlar de maneira segura e ágil a entrada destes visitantes, há muito tempo foi implantado nestes aeroportos um avançado sistema de controle de fronteiras, que avalia os atributos biométricos recolhidos em documentos eletrônicos de identificação pessoal, como o passaporte eletrônico, por exemplo, de maneira que possam identificar e realizar o processo de autorização de controle de acesso em cerca de 20 segundos e com altíssima segurança. A segurança nos estádios na Espanha também é uma referência. Por meio de sistemas de controle de acesso e circuitos fechados de televisão equipados com câmeras de alta resolução é possível visualizar os estádios a partir de um centro de controle. Adicionalmente, muitos dos estádios deste país contam com leitores de ingressos sem contato e um sistema para centralizar via web a compra das entradas com controle de identidade das pessoas. Seu principal diferencial é a conexão destes sistemas com as bases de dados da polícia para garantir que as pessoas incluídas nas listas negras não consigam comprar os ingressos e, posteriormente, acessar os estádios. Outra tecnologia que pode contribuir para a segurança em eventos esportivos são os drones. Esses equipamentos não tripulados podem monitorar ações de inteligência antiterroristas, ações nas multidões, além de acompanhar o deslocamento de delegações consideradas sensíveis ou de autoridades que possam correr algum risco. De modo geral, trazem muitas vantagens como custo de aquisição e manutenção, vai a lugares onde as aeronaves tripuladas não chegariam, podem poupar vidas, precisam de menos espaço para pouso e decolagem, podem ser equipados com sensores meteorológicos, câmeras e equipamentos de comunicação, são mais ocultos em operações policiais que uma aeronave convencional, entre outros. Essas e muitas outras tecnologias tão amplamente empregadas fora do Brasil estão disponíveis para apoiar no grande desafio que enfrentará o país. Além disto, uma vez adotadas na cidade que se prepara para receber o evento, estas tecnologias beneficiarão uma política efetiva de segurança pública, cujo legado permanecerá por muitos anos e poderá servir de modelo para outros municípios, contribuindo assim para que o conceito de cidades inteligentes seja amplamente adotado no Brasil. Nota do Editor: Bruno Jouan, Diretor de Defesa e Segurança da Indra no Brasil.
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