É duro de agüentar a presunção humana. A nossa a gente até tolera por arrogância congênita, mas a alheia, essa é de doer, principalmente quanto a sua falsa autoridade se faz revelar com tanta facilidade e apresentando-se com ares de ridículo. Exemplo dessa atitude humana nós conhecemos aos borbotões, principalmente aqui entre nós, nessa terra de desterrados chamada Brasil na seara do Magistério. Mas aqui, nesse breve libelo, apontaremos apenas para um, casual e cotidiano na referida seara, que seria a presunção de muitos educadores e pedagogos de afirmarem que a sua tarefa primeira seria a de "conscientizar os alunos". Muito bem, mas conscientizar os alunos de que e para que? Em segundo lugar, de que recurso se fará uso para tal empreitada? Com que finalidade se pretende realizar esse labor "pedagógico"? E, por fim, até que ponto tal tarefa será correspondida? Isso mesmo: quem disse que os mancebos incautos estão a fim de ouvir esse trololó de cidadania de botequim? Meus caros, como nos ensina o provérbio latino: as palavras movem, ordenam; porém, os exemplos arrastam. Se o que fosse proferido pela boca estivesse brotando do âmago de nossa alma, com toda certeza a tarefa de "conscientizar" para algo seria bem fácil e realizável e não essa tarefa ridiculamente irrealizável. Querem um exemplo? Por que vocês acham que Jesuítas e Franciscanos conseguiram converter tantos gentis da América ao Cristianismo? Como que eles convenceram pessoas que nunca tinham ouvido falar na palavra do Nazareno a se tornarem seu seguidores? Por que esses religiosos, professores exímios, acreditavam de corpo e alma no que eles estão ensinando, eles tinham convicção do que estão fazendo. A atitude deles perante o mundo era o seu ensinamento. A vida deles era a mensagem a ser transmitida. Quanto a nós, você tem convicção do que está a fazer no magistério? Tem consciência do que está fazendo? É. Quem dera ao menos uma vez os nossos ditos conscientizadores conseguissem dar uma resposta convincente para aqueles que tanto pretendem conscientizar. Quem dera eles fossem o que eles desejam que os outros sejam. Quem dera!
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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