Não mudei de domicílio nem tampouco morri. Eu e minha mulher, aproveitando os anos de contribuição para com plano de previdência complementar, estivemos viajando por estes cantões afora. Sei que muitos estão pensando que deveríamos ter ficado por lá, mas lamentamos contrariá-los. Ainda continuamos acreditando... Mesmo antes das malas serem totalmente desfeitas deparei, navegando na internet, com uma carta aberta intitulada "Salvem a arte!", de um tal de Aiyan Zack em quem nunca ouvi falar, mas nem por isso deixa de ser o atual coordenador do Grupo Setorial de Artes Cênicas e Dança da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - Fundart. Não entendendo a razão da feitura da carta, parei tudo e degustando um Cohiba de uma caixa recém aberta que me foi sorrateiramente vendida por um motorista de táxi há 20 dias atrás em Havana (Cuba), peguei minha agenda telefônica para me inteirar sobre os acontecimentos de Ubatuba nestes meses em que estive perambulando por aí. Durante a semana passada, li e reli matérias em vários sites (algumas recebi em meu e-mail). Escutei opiniões de amigos sobre aparições de várias pessoas no programa Ponto de Vista da rádio Costa Azul. Ouvi algumas gravações e até tentei ler as atas de reuniões do Conselho Deliberativo da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba. Conversei com muita gente tentando entender o que estava acontecendo na Fundart, uma entidade que há muito é considerada elitista pela população em geral, ao contrário dos anseios que tivemos quando participei de sua criação. Vocês podem pensar que eu não tenho o que fazer, mas apesar de aposentado, sou um dos estudiosos desta terra de Coaquira. Já tenho material para a publicação de um livro (explicação psicossocial da maldição de Cunhambebe), que em breve estará nas bancas, graças à ajuda da minha "velhinha". Voltando ao assunto, desde que viajei, pouca coisa aconteceu por aqui. Novidade mesmo, só um grupo de pessoas que foram eleitas como conselheiros da Fundart e que não compactuam com a forma de administração imposta à Fundação pelas últimas administrações municipais. De resto, tudo continua como dantes, no país de Abrantes. Muita gente esperando os 180 dias serem completados para terem a certeza de que rumo Ubatuba tomará, pois até agora... Seguindo uma seqüência de leitura inversa aos fatos, analiso um artigo no qual o funcionário público, Jorge Lee, detona os membros do Conselho Deliberativo da Fundart, escudado na afirmativa de que quem o colocou na Fundação foi o atual prefeito, o senhor Eduardo César. A utilização do termo "funcionário público" não tem a conotação pejorativa propagada pela famigerada Cartilha do Politicamente Correto elaborada pelo governo federal e que já teve sua distribuição definitivamente suspensa, tornando-se assim uma raridade literária. Jorge Lee (mais um que, para apaziguar minha curiosidade, estou tentando descobrir quem é e a que veio), na ânsia de aumentar seus rendimentos, apresentou projeto para aprovação pelo Conselho Deliberativo da Fundart e não obtendo êxito em seu intento saiu metralhando, digo usando e-mail, equipamentos e o espaço da empresa onde trabalha para denegrir a imagem de pessoas com atuações consideradas como serviço público relevante prestado ao Município. Situação pelo menos curiosa, para quem está aqui fora. A polêmica sobre o regimento interno e o estatuto me fez lembrar (e sugerir) que seria uma ótima ocasião para que o prefeito Eduardo César alterasse (de até três por cento para três por cento) a legislação mudando a percentagem destinada as operações, iniciativas e manutenção da Fundart e que as remunerações do presidente e demais membros da Diretoria Executiva fossem definidas pelo Conselho Deliberativo, como era originalmente. De tudo isto, posso deduzir que Aiyan Zack ou está sendo usado pelo homem de Eduardo César na Fundart (Jorge Lee) ou está abrindo passagem para a apresentação de um "projetinho" onde, naturalmente, defenderá o "seu". É um tal de "farinha pouca meu pirão primeiro" de fazer corar o Severino. Logo conheceremos as reais (R$) intenções dos envolvidos, pois estes conluios não demoram muito tempo para serem desmascarados. Resta saber se esta atitude foi tomada por Eduardo César, através de Jorge Lee, contra o Conselho Deliberativo da Fundart. Questiono, pois o prefeito teve seu nome exposto e nada disse a respeito. O presidente da Fundação, indicado pelo prefeito, também está acobertando as impertinências de seu funcionário, bem como permitindo o uso indevido da "máquina pública" na tentativa de tirar proveito próprio. Ainda não consegui entender o que está acontecendo, pois pelo que eu soube, até agora, o Conselho Deliberativo aprovou tudo o que a Diretoria Executiva da Fundart colocou para deliberação. Aviso que estou seguindo o conselho de Olavo de Carvalho, importante filósofo brasileiro, quando disse em uma de suas palestras: "Você quer mesmo conhecer a verdade? Então pesquise, investigue documentos, busque a verdade e ela aparecerá. Mas se você não quer, tenha cuidado ao declarar como verdadeiro aquilo que você apenas leu em jornais ou ouviu falar". Espero que, apesar das perseguições que os membros do Conselho Deliberativo da Fundart estão sofrendo, não desistam e continuem defendendo a arte e a cultura com a integridade que vêm demonstrando. Temos que dar um fim no fisiologismo que devasta Ubatuba.
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