Erroneamente, pessoas (até os ditos especialistas) atribuem à polícia as causas do aumento da criminalidade. E o assunto ganha grandes espaços na mídia, chegando até a motivar manifestações públicas onde citam os males como resultado despreparo dos profissionais e da estrutura imprópria da máquina policial. É inegável que existem problemas no setor, muitas vezes denunciados pelos próprios integrantes da classe e suas entidades representativas. Mas não são esses problemas a determinante da escalada criminosa que amedronta a sociedade e até aos próprios policiais enquanto cidadãos. Apesar de todas as mazelas – salários baixos, equipamentos inadequados, escalas e condições de trabalho impróprias etc. – as policias continuam cumprindo suas funções e a maior prova disso é que, mesmo com as leis criadas para esvaziar cadeias, os presídios de todo o país estão superlotados. E nem por isso, a criminalidade tem diminuído. Aqueles que lideram a sociedade e o próprio governo precisam compreender que a polícia é o ultimo recurso. Para ser usado quando faliram todas as possibilidades de autoequilibrio social. Dessa forma, a instituição não é agente da redução e nem do aumento da criminalidade. Quem estuda essa questão precisa sair do terreno confortável de denunciar a violência policial e também passar a considerar a ineficiência das leis, a demagogia daqueles que as elaboram e, principalmente, a omissão dos governos. A demagógica política dos direitos sem deveres levou nossa sociedade ao naufrágio ético e moral, e a ausência do Estado facilitou a proliferação das facções criminosas, milícias e outros grupos criminosos que dominam presídios e vastas áreas das cidades, especialmente a periferia e os pontos degradados. É certo que muita coisa precisa mudar na estrutura policial. Mas antes é necessário restaurar a sociedade como um todo. Restabelecer o regime de responsabilidades, acabar com a impunidade e combater a corrupção. Feito isso, caros leitores, teremos resolvida grande parte do problema da segurança pública. Até os policiais, a quem setores radicais procuram injustamente gravar a responsabilidade do quadro caótico, serão beneficiados, pois ninguém pode esquecer que, além de profissionais, eles também são seres humanos e cidadãos, dotados de todas as virtudes e fraquezas da espécie. Parem de culpar a polícia por problemas que são de toda a sociedade e dos governos!... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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