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Opinião
11/11/2015 - 12h00
Prosa e bicicleta
Coriolano Xavier
 

Até agora o agronegócio está sendo poupado dos efeitos mais perversos da crise. Puro mérito do próprio agronegócio, cujo dinamismo e força de ação interna e externa fazem do setor um protagonista estratégico do país, espécie de fiador da nossa economia, neste momento. Mas como é que o produtor rural está enxergando essa presença próxima da crise? Fomos então prosear por aí com o homem do campo, para ver um pouco as suas visões.

O dólar está ajudando a compensar internamente os preços dos grãos, neutralizando eventuais recuos internacionais. Mas o agricultor, quando fizer a colheita em 2016 e começar a preparar o próximo plantio, bem que poderá deixar uns 15 a 20% desses ganhos para as indústrias de fertilizantes, agroquímicos e sementes. É uma das coisas que se diz pelo campo, nas rodas de prosa.

Provavelmente, nada que seja tão dolorido assim, devido ao bom momento que a agropecuária experimentou nos últimos quatro a cinco anos, seja em clima, seja em preços. Representará, claro, um avanço de custos, mas é uma queda no padrão recente de receita do produtor que ainda tende a não ser sentida de forma acentuada.

Fala-se também pelos campos que a próxima safra de milho cai. Lá pelos lados do Oeste catarinense, calculam o recuo em uns 15 a 20%, por exemplo. Mas sobre a safrinha ninguém põe a mão no fogo e o pessoal do campo é, como sempre, precavido: “Qualquer palavra a respeito, podemos estar errando feio”.

Para a soja os palpites falam em uma safra 10, 15 ou 20% maior. O pessoal do Sul parece no momento o mais animado com a oleaginosa, talvez estimulado pela perspectiva do “El Niño”, que pode trazer bastante chuva nos próximos dois anos, na região, o que é sempre ótimo para milho e soja.

Já a produção animal deve continuar sem sobressaltos, atenta a eventuais contrações do mercado interno (a queda da ordem de 3% no consumo das famílias, no trimestre, pode afetar na demanda alimentar), mas com o alento do mercado externo, onde de um modo geral o cenário é positivo para as carnes brasileiras.

Em investimento as coisas não param, mas tendem a colocar um pé no freio. A maior cooperativa de Santa Catarina, por exemplo, vinha investindo cerca de R$ 100 milhões por ano, algo em torno de 4,5% do faturamento bruto. Este ano, já apertou o cinto e, para 2016, a perspectiva é de menor alavancagem de recursos para investimentos. Informalmente, comenta-se que não passará de 50% da média dos últimos anos.

Esse certo esfriamento nos negócios espalha-se para outras áreas. Regionalmente, por exemplo, já se fala em queda de 40 a 50% nas vendas de máquinas e implementos, e a esperança de alguma recuperação talvez só em 2017. Todo mundo também está de olho nos índices de inadimplência, que em alguns lugares diz-se que caminha para o patamar de 3%, mas até o momento está gerenciável. O nó da questão é ficar atento para 2016 e 2017, quando os efeitos restritivos atuais da economia podem mudar esse quadro para pior.

Na cidade, parece que vivemos um momento de incerteza radical. Mas no campo diria que o sentimento é de confiança ressabiada. Acredita-se no próprio taco, mas com um pé atrás, pois os desmandos de governança macroeconômica às vezes são gigantes. Mas o produtor sabe que, para manter sua atividade em pé, com equilíbrio, é preciso avançar, movimentar-se. Como na bicicleta, em que, parados, caímos ao chão.


Nota do Editor: Coriolano Xavier, Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.

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