Até que ponto vale a pena investir
A sustentabilidade é a diretriz do momento e que faz parte de um tripé que abrange as preocupações com as questões econômica, ambiental e social. Isso está sendo discutido há muito tempo pelas empresas em todo o mundo. Recentemente tivemos o problema da Samarco, que explora pelotas de ferro e tem seus resíduos colocados em locais pré-definidos e autorizados pelos órgãos competentes para evitar a contaminação da região, em virtude da forma de processamento do seu produto. Analisando a última publicação dos seus dados contábeis, observa-se uma série de informações que são importantes e que enaltecem a gestão da empresa como uma empresa bem gerida. Os dados recentemente apresentados evidenciam no ano de 2014: R$ 7,6 bilhões de faturamento bruto; R$ 2,8 bilhões de lucro líquido; R$ 1,8 bilhão em pagamento de dividendos; R$ 10,4 milhões de investimentos na comunidade e R$ 88,4 milhões em investimentos ambientais. A empresa é a 10ª maior exportadora brasileira. O recente acidente ocorrido em Mariana, Minas Gerais, com o rompimento da barragem que devastou o distrito de Bento Rodrigues e outras cidades que foram atingidas pela lama que atingiu o Rio Doce e acabou prejudicando até o Espírito Santo, poderá prejudicar o seu resultado financeiro. Mas deverá manter sua posição de uma das maiores exportadoras brasileiras tendo em vista a exploração de outras plantas e parte dos riscos já devem fazer parte do seu planejamento estratégico. Não há um cálculo exato das indenizações e da reconstrução do município, assim como dos gastos de recuperação ambiental. É preciso ressaltar a questão da recuperação do Rio Doce e dos municípios abastecidos pela sua água. Existem problemas de natureza ambiental e social que devem ser minimizados o mais breve possível. A preocupação do encerramento das atividades da empresa é a questão financeira. O prefeito de Mariana diz que pelo menos 80% da receita vêm da mineração e a arrecadação da Samarco gira em torno de R$ 5 milhões - não computando os recursos de outras mineradoras da região. A multa a ser aplicada pelo IBAMA está estimada em pelo menos R$ 250 milhões, mas ainda é prematuro falar em punições sem ter melhor respaldo do dano ambiental provocado, já que o prejuízo não foi localizado. Mas se propagou por diversos municípios privando do uso da água e moradia, além dos prejuízos futuros ao meio ambiente. O que se questiona é que somente agora aparecem os órgãos que se dizem responsáveis pela fiscalização, já que havia indícios que a barragem poderia se romper há cerca de três anos e não se buscou alternativa para minimizar os acidentes com a empresa. Agora todos falam de caça às bruxas. O que se percebe, porém, é que no lado social, uma das bases mais importantes do alicerce acaba sendo deixada de lado e é justamente o que deveria ser a maior preocupação. A sustentabilidade somente existe com ética e responsabilidade, pois a existência da empresa sem comprometimento não leva a empresa a atingir seus objetivos e atender a necessidade mais importante - a excelência leva em conta a preocupação com o futuro. Nota do Editor: Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).
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