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Opinião
01/12/2015 - 17h08
A lama de todos nós
Nivaldo Cordeiro
 

Não há como não ficar comovido com a tragédia provocada pelo rompimento da barragem que segurava a lama da mineradora de Mariana. A chegada da lama ao mar, escurecendo as águas, foi espetáculo catastrófico. A visão da fauna morta onde o rio de lama passou choca. Os mortos no vilarejo à jusante da barragem compuseram um cenário que em muito lembra as ruínas de Pompeia soterrada pelo Vesúvio.

Poderíamos aqui recuperar os versos desesperados de Zeca Pagodinho:

Que importa
Se há tanta lama nas ruas
E o céu é deserto e sem brilho de luar?

Claro, toda a mídia e os integrantes do Ministério Público caíram de pau sobre a empresa mineradora responsável pela lama. Ocorre que aquela lama tem outros sócios também, ocultos, todos que usufruíram das riquezas produzidas pelas minas: o governo, que cobrou impostos; os trabalhadores, que ganharam seu meio de vida; os brasileiros em geral, que se beneficiaram das divisas trazidas pelas exportações; e os consumidores que usufruíram dos produtos da mineração. A nação inteira é sócia desse mar de lama.

Tudo que vem da humana mão está sujeito a dar errado. É claro que não é nunca um fator só que determina uma tragédia. A negligência foi apenas um deles no caso de Mariana. É como queda de avião, quase sempre determinada por múltiplas causas. Acontece sempre. O ímpeto prometeico sempre cria armadilhas que acabam por devorar os homens.

Digo isso porque me incomoda a satanização da empresa feita pela mídia. Foi para mim um espanto ouvir de Jorge Pontual, supostamente um homem esclarecido, comentarista da Globo News, que os diretores da empresa deviam ter a prisão preventiva decretada, ignorando que vivemos sob Estado de Direito e que a polícia não pode ir além das suas próprias alpercatas. Nem a Justiça, que lá está para garantir o devido processo legal e a ampla defesa dos acusados. Em absoluto a tragédia, por mais dolorosa que seja, pode abolir os procedimentos criminais previstos em lei. Desde o início viu-se que a empresa e seus diretores se mostraram cooperativos com o governo e com a comunidade, as vítimas. Ninguém tentou ocultar provas nem subornar autoridades para escapar das penalidades. Nenhum motivo havia para privar de liberdade aquelas pessoas, exceto o ódio ambientalista de que Jorge Pontual foi porta-voz.

Quando digo que a lama é de todos nós é para que meditemos sobre o viés ambientalista que domina certos vingadores da mídia e do Ministério Público. O fato é que a vida precisa continuar e isso significa que as minas precisam continuar operantes, para garantir impostos, empregos, dólares para o país e produtos para os consumidores. A última coisa, a mais insensata, é imaginar que destruir a empresa e fechar as minas ajudará os sobreviventes. A vida normal depende do restabelecimento da normalidade produtiva.

Pôr racionalidade dentro do clima emocional que se criou é difícil, mas espero que no final prevaleça a sensatez e a justiça. Que a empresa pague o que a lei diz que deve pagar, mas que não se casse o direito de fazer o que sempre fez, gerar renda para toda gente.

Talvez a tragédia tenha a serventia adicional de servir de metáfora para o mar de lama moral que jorra em rios caudalosos desde Brasília, sobre todo o Brasil. Todavia, em respeito aos mortos, penso que não se deve politizar a tragédia. Resta lutar para restabelecer a normalidade, para que a vida possa continuar.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais.

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