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No dia 3 de setembro de 1987 o cargueiro de bandeira panamenha Solana Star, medindo 40 metros, chega de mansinho na Baía da Guanabara no Rio de Janeiro. Zarpou do Porto de Sidney na Austrália na manhã de 7 de maio, doze dias depois chegou à Cingapura onde permaneceu por seis semanas, devido um problema mecânico. Esses mesmos problemas mecânicos fizeram o Comandante avisar que seria impossível seguir viagem até Miami, no Estado da Flórida, Costa Leste dos Estados Unidos e por isso aportaria no Rio de Janeiro. Dias depois todos saberiam que essa embarcação transportava milhares de latas com um quilo e meio de maconha fechadas a vácuo. Essas latas foram jogadas ao mar e passaram a boiar nas praias ou enroscar nas redes de pesca, transformando a rotina dos moradores do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro. No verão de 1988 a Polícia Federal e a Marinha do Brasil recolheram mais de 1.500 latas somente nas praias do Litoral Norte. O professor e psicólogo Oscar Cesarotto fez pela Editora Iluminuras em 2005 o livro “O verão da lata” de ficção sobre o assunto. Já o jornalista Wilson Aquino fez um relato detalhado sobre o que aconteceu com documentos da Polícia Federal e reportagens da época no livro “Verão da lata” editado pela Editora Barba Negra e LeYa em 2012. Como Diretora do Jornal “O CANAL” acompanhei esses acontecimentos. Já tinha visto boiarem vidros de perfumes franceses, latas de azeite espanhol, calças LEE, mas essa “desova de navio” foi para ficar na história.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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