A ocupação das escolas públicas de São Paulo, por estudantes e atravessadores que tentam politizar o movimento de protesto contra a reorganização escolar, está caminhando para um terreno perigoso. Ao mesmo tempo em que o governador publica o decreto que confirma o fechamento de 93 escolas e a transformação de outras 700 em estabelecimentos de ciclo único, e a justiça começa a conceder a reintegração de posse dos prédios ocupados, os estudantes saem às ruas e realizam bloqueios em pontos estratégicos da capital. Alguns já foram removidos por força policial e chegou a haver a necessidade do uso de bombas de efeito moral para dispersar outros. Não demora, começarão a pipocar as denúncias de violência policial, elaboradas e incentivadas pelos contumazes inimigos da segurança e da ordem pública. Os jovens precisam ser orientados a não cometerem ilegalidades com o fito de apoiar o seu movimento, que é a luta contra a proposta de reorganização escolar. Alguém tem de dizer-lhes que não é o fechamento de vias públicas e a periclitação da vida da população, que nada tem de relação com sua causa, que vão demover o governo de executar o seu plano. Também devem ser convencidos do princípio básico de que ordem judicial não deve ser discutida, mas cumprida e recorrida na instância adequada em caso de discordância. Com isso ficará menos traumática a execução das ordens de reintegração de posse emitidas pelo Poder Judiciário. Que os jovens lutem pelo seu ideal é salutar numa sociedade democrática. Contudo, é odioso que sua reivindicação seja politizada e aproveitada por aqueles que querem confrontar o governo com bandeiras estranhas ao movimento e métodos não convencionais. O bloqueio das vias públicas de grande movimento certamente não é instrumento compatível com a reivindicação. Logo, não tem razão para acontecer, a não ser para os infiltrados cujo objetivo é promover a desordem social, o caos à população e com isso auferir lucro político. O ideal é que haja um movimento firme de convencimento dos jovens a lutarem apenas com suas bandeiras e se evite ao máximo o uso da força policial, que deve ser o último recurso para ser empregado só quando todos os meios de negociação falharam. Já ocorreram momentos de tolerância mas, mesmo assim, ainda é interessante que se evite o emprego da força, pois isso seria prejudicial tanto aos estudantes quanto ao governo e só beneficiaria os atravessadores, fabricantes do caos. Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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