Sobre o que escrever quando nosso coração está tomado pela tristeza e desesperança? Eu não sei, porque tudo que nos vêm à mente é um monte de imagens negativas, desprovidas de qualquer perspectiva mais animadora. E para que escrever sobre o que nos aflige? Servirá para aliviar o nosso espírito ou apenas alimentará o estado de melancolia que nos devora interiormente?

Junto com estas dúvidas, aparecem outras, porque todo mundo que escreve espera ser lido. Será que o que escrevemos inspirados pela nossa aflição será positivo para o leitor? Isto é algo que um escritor não pode ignorar, pois o que escrevemos sempre influenciará pelo menos uma pessoa e não é nem um pouco confortável imaginar que um texto por nós elaborado possa ter alimentado o estado depressivo de alguém. Porém, ao mesmo tempo, parece hipócrita escrever algo que não estamos sentindo no momento em que escrevemos. Um texto só será real se imbuído dos sentimentos que movem o espírito do autor. Um autor nunca poderá escrever que o amor leva á felicidade se ele sofreu uma desilusão amorosa e está enfrentando uma desilusão amorosa.

Todas estas questões nos mostram que o escritor não escreve apenas com as mãos e a mente, mas com o espírito, cuja essência é transmitida através de cada palavra e percebida pelo leitor durante a leitura. Outro aspecto a ser ressaltado é que, depois que escrevemos e liberamos nossa criação para leitura, não temos controle sobre a forma como interpretarão o que produzimos.