Para atender às viagens das grandes cidades brasileiras, o típico sistema radial é oferecido, com densa malha viária asfaltada concentradora de tráfego, comum em países de clima tropical e temperado. Respeitadas as condições técnicas e normas, a superfície betuminosa deve gerar viagens confortáveis, rápidas e seguras. Para as primeiras condições, geometria adequada e superfície regular, segundo estudos de Física Aplicada e análise de desníveis milimétricos. Para a última condição, mensuração da aderência para garantir freagens e curvas seguras. Irregularidades impactam a qualidade da viagem; trechos mais lisos não garantem freagens seguras. As deficiências tendem a ser aceitas pelos usuários, já acostumados ao típico padrão dos serviços públicos. Contudo, o coeficiente de atrito do pavimento usado não pode ser menor do que 0,4; relevante como coadjuvante pericial de busca de responsabilidades em caso de acidentes por derrapagens. Ações a responsabilizar o poder público minimizariam sua passividade. De memória não tão recente, a transição de paralelepípedos para asfalto melhorou de forma considerável a qualificação viária, apesar da crítica à impermeabilização, tida como geradora de enchentes. Cumpre notar que sistemas de drenagem projetados para esta condição compensam a impermeabilização. Para a viagem rápida, oferta de número de faixas de tráfego compatível à demanda. A excessiva motorização e baixa transferência de viagens para o modo público impedem solução. Como os pavimentos têm vida útil limitada e alto custo, sugere-se implantar sistemas de gerência de pavimentos. Estreitam diferenças entre o contingenciamento de recursos e patologias viárias, maximizam o retorno do investimento. Podem gerar economia de até 70% de vultosos recursos. Infelizmente não são comuns exemplos em vias urbanas brasileiras. Leis nacionais que permitem cobrar pedágio urbano viabilizariam a concessão de vias urbanas, tal como ocorre no Chile, onde panelaços iniciais foram trocados por aceitação em função da melhoria do aparelho viário. Aqui, a aceitação pode vir desde que se troquem taxas e impostos por pedágio urbano. Há um tipo de falha no pavimento que não se pode aceitar: buracos, as panelas, que geram danos veiculares consideráveis, minimizam a vida de pneus e suspensão, originam invisíveis trincas na estrutura veicular. Motoristas desviam e são levados à rota de colisão de previsíveis resultados. Estes se multiplicam tal como a improbidade na atualidade brasileira, reduzindo a vida útil veicular e expondo a sociedade a inaceitável risco. Síndrome nacional agravada em períodos de chuva. A infiltração e tráfego de veículos pesados sem controle de peso completam o caos viário. A camada asfáltica, flexível por natureza, golpeada impiedosamente, leva à lona o pavimento. Retrocede o Brasil. Nota do Editor: Creso de Franco Peixoto é Mestre em Transportes e Professor de Engenharia Civil da FEI.
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