Vinicius de Moraes apelidava uísque de “cachorro engarrafado”, dizendo que era o melhor amigo do homem. Uma brincadeira, mas uísque é uma bebida arretada. Gostei muito de tomar uísque, mas deixei, a saúde precária proibiu. Tomava, óbvio, o mais em conta, "O professor", o Teachers, mas quando ia a um zero oitocentos, boca livre e havia o Johnnie Walker eu adorava. É um uísque ótimo. Tomei a minha cota. Mas, confesso, a bebida que mais gostei - e gosto - é cachaça, mas só tomava até uma ou duas da tarde, depois parava, a danada sai pelos poros. Juro. Cerveja nunca fui fã. Acho que sopa, mulher e bebida alcoólica só presta quente. Vinho tomo, um cálice, gosto, mas não tanto quanto da cachaça e do uísque. Bom, mas quando tomava o cachorro engarrafado deixei um amigo triste e chateado. Sou mesmo um caso perdido. O cara me convidou para uma festa na casa dele, abriu um litro do Johnnie tarja preta, daqueles que só tomei quando bebia raras vezes, e eu quando ele abriu o litro cometi uma grossura de que não me arrependo. Esse amigo, a quem devo inúmeros favores, é ótima pessoa mas gosta de mandar no gosto dos outros, e no meu ninguém manda. Pois não é que o cara queria que eu botasse na dose, no copo, uma pedra de gelo de água de coco? Não aceitei, ele insistiu, disse que as pedrinhas eram de cocos do seu sítio, de primeira. Ficou forçando, aí eu fui obrigado a dizer a ele que quem tomava uísque Johnnie Walker com água de coco em pedrinhas ou não, era um mané, que isso tirava o gosto do uísque. O cara não discutiu mais, estava na presença de várias pessoas bem postas na vida e fora chamado de mané. Resultado, nem tomou do uísque, ficou tomando cerveja, mas eu e outro chapa conhecedor do assunto tomamos o litro de cachorro engarrado sem gelo, puro, caubói. Tenho uma saudade danada do uisquinho, do cachorrinho engarrafado, mesmo os vira-latas, os que não são de raça como o Johnnie Walker. Inté.
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