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Opinião
11/02/2016 - 12h20
Um causo inconveniente sobre educação
Dartagnan da Silva Zanela
 

Somos uma sociedade formada por indivíduos de geleia com um caráter de papelão.

Para melhor ilustrar o óbvio ululantemente apontado, permitam-me contar um causo. Um causo bem curtinho.

Certa feita fora-me relatado por um amigo que ele, quando menino, havia estudado num colégio militar e, em sua turma, um dos colegas fora flagrado colando. A prova foi confiscada, o seu colega chamado junto à direção e em seguida, todos eles foram convocados para se colocar no pátio da Instituição de Ensino e convidados a formar duas filas, uma de frente para outra, formando um corredor.

Nesse meio tempo, apareceu o seu colega, com as suas tralhas em mãos de frente para a via formada pelas duas filas e então o professor disse, em alto e bom tom: “meia-volta volver”! E todos viraram de costas e antes que o colador começa-se a caminhar o comandante disse: “Vá! Você não é digno de estudar nessa escola”. Dito isso, o garoto seguiu rumo ao portão com todos os seus colegas de costas para ele.

Antes que alguém fique revoltadinho com o que fora narrado, permitam-me perguntar umas coisinhas: será que o garoto em questão não tinha consciência das regras vigentes na instituição? Outra coisa: ser leniente com o escarnio frente às regras seria uma atitude pedagogicamente apropriada frente a todos os alunos que são zelosos no cumprimento de seus deveres estudantis? E pergunto outra coisinha: num Colégio deve-se ensinar a retidão ou a malandragem? Devemos ensinar a juventude a ser justa, consigo e com os demais, ou querer sempre se dar bem a qualquer custo?

Pois é, por termos abdicados da disciplina, por puro chilique politicamente-correto de bom-mocismo, colocamos a honorabilidade longe, bem longe, das salas de aula em nosso país.

Na cadeira antes ocupada pela retidão colocou-se esse trem fuçado que é essa malandragem cívica, que vem sendo ensinada em nossas escolas em misto com uma bajulação pedagogesca que anda de mãos dadas com a consequente estimulação do desregramento geral de nossos mancebos.

E que a verdade seja dita: a forma que vem sendo desenvolvido o nosso sistema de educação é a prova maior de desamor por nossas crianças, porque prova de desamor maior não há que lisonjear um menino que necessita urgentemente de correção.

Outra coisa: ser meloso não nos faz amorosos.

Acostumamo-nos a imaginar que as sandices politicamente-corretas que mimam ao invés de educar (através de gestos, palavras e exemplos), seriam o melhor caminho porque, em nossa sociedade, atualmente, as pessoas preocupam-se muito mais em parecer boazinhas que esforçarem-se em fazer o bem.

Tanto é assim que quando muitos ouvem um relato similar a esse, ficam espantadas, horrorizadas com a falta de “sensibilidade”. E assim ficam porque se esquecem de indagar quantos jovens passaram por uma situação similar. Quantos tiveram que deixar uma instituição de ensino porque colaram? Quantos passaram por isso no Colégio em questão? Segundo o relato do meu confrade, no tempo em que ele estudou nessa Escola Militar, apenas um, e assim o foi, porque lá as regras e os objetivos eram claros. A educação era e é levada muito a sério. Não é à toa que escolas desse gênero obtêm resultados tão benfazejos.

Agora, o que toda essa lengalenga marxistoide que infecta e educação brasileira tem plantado e colhido? O que esse blablablá protecionista da desídia estudantil e do desregramento “criativo” do alunato tem contribuído na formação de pessoas minimamente dignas, prestativas e boas? Não é por acaso que onde essas ideias deformadas imperam a educação torna-se uma aberração.

Outra coisa: tanto no colégio em questão como nos colégios onde o politicamente-correto é a regra, o que arrasta a juventude são os exemplos que simbolizam o que deve ser feito por todos. Exemplos bons, no caso do primeiro, e os trens fuçados que temos, nos segundos.

Enfim, como a sabedoria Bíblica nos ensina, pelos frutos conhecereis. E os frutos podres não são poucos. Abunda em nossas terras o analfabetismo funcional, porém, ninguém quer saber de assumir a responsabilidade por essa colheita maldita, ninguém quer abjurar das ideias pútridas que fundamentam o sistema de ensino atual e que inspiraram a legislação que rege as atividades educacionais em nosso triste país.

Ninguém mesmo. Nem autoridades, nem responsáveis, nem professores. Todos fazem tal qual Pilatos: lavam suas mãos.

Aliás, é mais do que compreensível. É muito feio, feio mesmo, ter que reconhecer que as ideias de Paulo Freire, o patrono da educação Brasileira - e demais similares - são as principais responsáveis pela perversão do ato de educar.

Sim, é desagradável mesmo ter de reconhecer nossos próprios erros, porém, é um escândalo desmesurado ignorar esse triste fato e deixar esse tsunami de equívocos seguir em frente por pura e simples vaidade e presunção.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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