04/08/2025  19h53
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
16/02/2016 - 11h18
A água que nós bebemos
Montserrat Martins
 

Um juiz federal liberou a Samarco de fornecer 2 litros de água diária a cada morador de Colatina, ES, foz do Rio Doce, dizendo que o rio já estaria “potável” 3 meses após a contaminação mineral. Essa empresa, a Vale e a BHP (as controladoras da Samarco) aceitaram acordo de indenização de 20 bilhões (seu lucro anual beirava os 3 bilhões) para recuperar a bacia do Rio Doce num prazo de 10 anos. Quanto tempo leva, afinal, para se recuperar um rio contaminado por resíduos metálicos?

A contaminação da água por metais ocorre em todo o país e é um dos fatores causadores de câncer, embora você não ouça falar disso na mídia habitualmente. Um levantamento de quase 100 rios em 7 estados brasileiros mostrou que apenas 11% se mantém com águas limpas. Esgotos domésticos, efluentes industriais, alguns com metais pesados, poluentes orgânicos persistentes e o lixo das mais diversas origens são fontes de poluição.

O problema dos metais na água, que não costuma se divulgado, é que partículas deles persistem mesmo após os métodos de tratamento desta. É ilusório achar que água tratada recupera sua pureza, pois há resíduos metálicos mesmo após o emprego dos melhores sistemas de limpeza. E são justamente esses resíduos que afetam a sua saúde, contribuindo para um aumento significativo dos casos de câncer nas metrópoles.

A tragédia do Rio Doce deveria servir de alerta para o problema da qualidade da água, para mais além dos casos de contaminação evidentes. Surreal o desconhecimento de um magistrado federal capixaba capaz de acreditar que em poucos meses um rio poderia se recuperar. O problema dos mais de 200 milhões de brasileiros está na contaminação invisível das águas que não estão nas manchetes dos telejornais.

É um progresso debatermos tão abertamente a corrupção quanto as escalações dos times de futebol. Mas nem só de corrupção se mata um povo, de negligência também. Houve negligência por falta de barreiras sanitárias contra o Aedes aegypti? Com a contaminação de 89% dos nossos rios, está havendo grave negligência nessa área.

Enquanto a água que bebemos não for assunto corrente, enquanto acharmos que as técnicas de limpeza resolvem tudo, enquanto não se divulgam abertamente as correlações entre câncer e outras doenças (como alergias) com a poluição, nossa saúde sofrerá em silêncio. Vivemos esses riscos por uma ignorância coletiva de algo tão fundamental quanto a qualidade da água que nós bebemos.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.