Não sou preconceituoso e nem intolerante, mas estou de saco cheio com essa síndrome do politicamente correto. É uma espécie de camisa de força que obriga a gente a viver se policiando até para não usar este ou aquele vocábulo que fazem parte da nossa linguagem. É um tal de não pode isso, não pode aquilo, um rosário de proibições, existe até um index de artistas, poetas e escritores que não podem mais ser citados e nem elogiados. Pior: estão disseminadas patrulhas ideológicas fiscalizando quem ousa mijar fora do caco da cartilha do politicamente correto.

Vou dar um exemplo desse tipo de patrulha. Dia desses estava conversando com um grupo de amigos e, infelizmente, estava presente uma coroa chata que só a gota serena, amarga, mal amada, xiita e fanática por essa cartilha do politicamente correto, essa dona é tão repulsiva que não ri, faz careta, e não faz a suvaqueira, diz que é modismo, um horror, pensem numa barba debaixo do suvaco. Pois, como diria a nossa Vera Morena, começamos a conversar sobre livros que fizeram a nossa cabeça e eu disse que os primeiros livros que me impressionaram e até hoje eu adoro foram os de Monteiro Lobato. Fui além, disse que costumava até a assistir alguns capítulos do Sítio do Pica Pau Amarelo na Globo, que meus personagens principais sempre foram o Visconde de Sabugosa, Emília, Dona Benta... Não terminei porque a mocréia rodou a baiana e me deu um esculacho, dizendo que não admitia que se citasse o nome desse escritor racista, preconceituoso e fascista, que eu jamais repetisse onde ela estivesse o nome dele e nem da porcaria da sua obra. Fiquei puto, tenho não só respeito, mas admiração e carinho pelas mulheres, mas abri uma exceção, em primeiro lugar mandei ela à merda (com crase e tudo), apelei, não devia ter feito isso, para a suvaqueira, foi preconceituoso, estava com raiva, depois me arrependi, mas não de tê-la mando à merda (com crase e tudo). Ora, eu sei que Monteiro Lobato cometeu alguns pecadilhos racistas, teve maus momentos, errou, mas não posso renegar a maravilhosa obra dele por causa de frases dele em contextos não literários. Há grandes escritores e poetas que simpatizaram com o nazismo, mas são autores de obras notáveis. Uma coisa é a obra literária, outra coisa é a opinião do escritor num determinado momento.

Não, não me submeto à cartilha do politicamente correto, estou de saco cheio. Sou um cara livre e sou antipreconceituoso desde criancinha, mas de texto cartilha, manual, regras e absurdos. Inté.