Os mais adentrados nos anos costumam cometer uma grande injustiça com os mais jovens: criticam a moçada sem isenção. A praxe é censurar a juventude de forma até radical. É essa postura irracional que gera o tal conflito de gerações. De parte dos mais velhos há mesmo um ranço de preconceito e inveja por saber que o que foi não será mais de jeito nenhum. Já os jovens, quando se rebelam têm uma certa razão. São vítimas, não raro, de desajustes familiares e desse preconceito dos mais velhos. Nestes esse ranço de intolerância é um defeito, naqueles a rebeldia é uma virtude.

Acho que se devia refletir mais sobre a juventude, e nunca apelar apenas para a censura pura, simples e covarde. É comum se ouvir de um coroa nos "saraus": - No meu tempo não era assim! Outro: - A safadeza dos jovens de hoje não tem limites! Mais uma pérola da insensatez: - Esses irresponsáveis não querem nada com o estudo e nem com o trabalho. E há os mais ridículos e truculentos: - Essa turma só tem jeito no cacete!

Esquecem esses falsos moralistas que no passado cometiam os mesmos deslizes dos jovens de hoje, talvez fossem mais covardes porque davam o bote e escondiam as unhas. Eram - e são - santinhos do pau ôco. Não havia no seu tempo a pureza e nem a moral que apregoam. Mais: a juventude de hoje não teve bons exemplos. A falsa moral, a omissão e a hipocrisia não são bons exemplos. A sociedade de hoje não é bom exemplo. Uma pergunta não pode calar: os mais velhos de hoje, salvo honrosas exceções, são bons exemplos?

Os jovens de hoje não são santos, até porque santos se existirem estão no céu, aqui só tem santinho do pau ôco. Os jovens de hoje pelo menos são mais francos do que os de ontem. Inté.