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Opinião
05/03/2016 - 16h17
Desestímulo ao hábito de leitura
Luís Antonio Torelli
 

No exato momento em que novo relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) indica que o Brasil inclui-se entre os dez países que têm mais alunos com baixo rendimento escolar em matemática, compreensão de textos e ciências, corremos o risco de enfrentar um processo de desestímulo ao hábito de leitura, desencadeado pelo reajuste de 24% no preço do papel de imprimir, anunciado pelos fabricantes em fevereiro. Lembrando que essa majoração segue-se a aumento acumulado de 11% em 2015. É uma contradição, considerando que os livros são decisivos para que possamos reverter à má qualidade do ensino!

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) estima que o impacto desse reajuste no preço final para os consumidores será de 16%. Trata-se de um índice incompatível com atual quadro recessivo do País. Não há como as famílias assimilarem um aumento de tal proporção. Portanto, o encarecimento do papel nacional e suas consequências na cadeia produtiva são um desestímulo ao hábito de leitura, que já é baixo em nosso país, de 1,7 livro por habitante/ano. 

Além do desestímulo à leitura em geral, já bastante danoso ao País e à economia, as famílias terão de despender mais dinheiro para comprar livros, inclusive os filhos estudantes, num momento em que é elevado o seu nível de endividamento, de queda da massa salarial e crescimento do desemprego. Assim, os efeitos do aumento do papel são graves para as gráficas, editoras, livrarias, distribuidores, vendedores porta a porta e, principalmente, para a sociedade.

Por isso, é necessário um diálogo entre todos os segmentos da cadeia produtiva, incluindo os fabricantes de papel e os distribuidores do insumo, gráficas e setor editorial. Esse entendimento é importante para evitar a contratação de serviços de impressão no exterior para fazer frente a oneração da produção interna.

Entretanto, até mesmo essa possibilidade poderá ser comprometida em grande parte, caso seja aprovado o Projeto de Lei 7.867, de 2014, de autoria do parlamentar Vicente Paulo da Silva (PT-SP). A matéria, em tramitação na Câmara dos Deputados, proíbe a impressão no exterior das obras compradas pelo Governo Federal no âmbito do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e das contempladas pela Lei Rouanet. O projeto recebeu emenda na Comissão de Cultura que amplia a proibição também à importação do papel.

Com aumento do papel nacional e a restrição de imprimir e comprar o insumo no exterior a preços menores, as editoras e os consumidores ficam submetidos a uma política oligopolista de preços. A consequência é mais um golpe no hábito de leitura, cuja disseminação é o nosso portal para o desenvolvimento!


Nota do Editor: Luís Antonio Torelli é o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

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