A transformação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em réu; o vazamento do acordo de delação do senador Delcídio do Amaral, a condução coercitiva do ex-presidente Lula e as reações a esses acontecimentos, levam o país a uma nervosa encruzilhada de sua história. Nesta terça-feira (8), o Supremo Tribunal Federal deve divulgar os acórdãos sobre o rito do impeachment presidencial, e os partidos de oposição, agora fortalecidos pelo PSB, que deixou a base aliada do governo, ameaçam trancar a pauta da Câmara dos Deputados até que se abra o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. A reação de Lula, que busca se vitimizar, é apenas a repetição da velha tática que o levou à condição de liderança oposicionista e ao governo. Mais uma vez ele se traveste de pobre e tenta ganhar a solidariedade da parcela descalça da população. Seus seguidores bravateiam e prometem a instabilidade e o colapso nacional caso sua prisão ocorra. Todas essas variáveis, somadas às acusações de irregularidades e baixa popularidade do governo e da presidente da República e às manifestações pró-impedimento, hoje verberadas por entidades e empresários de alto porte, constituem um momento crítico e carente de absoluto controle por parte dos responsáveis da segurança pública, inclusive, das Forças Armadas, constitucionalmente detentoras do dever de manutenção da ordem nacional. Espera-se dos integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato todo o rigor na apuração dos indícios e suspeitas levantados contra todos os que possam ter metido a mão no cofre da Petrobras e de outras estatais, ou cometido ilícitos. Isso deve valer igualmente para Lula, seu partido e para todos os políticos e partidos que aparecerem como integrantes da malcheirosa armação. Ninguém tem o direito de estar acima das leis! Durante o final de semana, tivemos manifestações e, no próximo domingo haverá o ato pelo impeachment, programado desde o final do ano passado. Os petistas chamam agora manifestações pró Lula e governo. A livre manifestação é um direito constitucional, desde que isso se faça pacificamente. A sociedade e as forças de segurança precisam estar atentas para impedir os excessos, independente de quem os pratique. Há que se respeitar as instituições e através delas conseguir a saída para a crise. O confronto que alguns – inclusive Lula e seus seguidores – vêm pregando, não serve aos interesses nacionais. Só serviria para fazer o povo sofrer ainda mais. É algo que até se pode imaginar como começaria, mas ninguém é capaz de, em sã consciência, prever como pode terminar... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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