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Opinião
25/06/2016 - 06h24
Nas cavernas da miséria venezuelana
Luis Dufaur
 

Marcados como animais para conseguir farinha de milho em Barquisimento.

Há meses e de modo rotineiro, a família de Álida González tem que ficar sem almoço. É a inflação, a escassez crônica de alimentos... a lista das desgraças cresce e se repete dia após dia no maravilhoso mundo do “socialismo do século XXI” tão ao gosto do lulopetismo.

Álida é dona de casa, tem 65 anos e precisa alimentar quatro familiares. Ela só consegue cortando as proteínas, como as carnes de frango e de porco, e aumentado o consumo de carboidratos, com um desequilíbrio sensível na constituição física de sua família, escreve “La Nación” de Buenos Aires.

“Comemos menos, conta ela. A situação está tão apertada, que com o mesmo com que antes eu comprava para o café da manha, o almoço e o jantar, hoje só dá para um café da manha incompleto”, contou ela em sua modesta casinha no bairro de Petare, em Caracas.

O presidente Maduro fica apegado ferrenhamente ao socialismo e ainda pretende defender a democracia em perigo no Brasil.

As redes públicas de distribuição de alimentos subsidiados claudicam. Entre agosto e setembro de 2015, três das principais universidades do país constataram que 87% dos venezuelanos não tinham entradas suficientes para comprar os alimentos habituais.

Maduro ordenou aumentar em 30% o salário mínimo integral, que inclui bolsa para comida, enquanto a cesta alimentar para uma família média custava 100 salários mínimos.

“As fibras não existem, o consumo de frutas e hortaliças é escasso. O ovo e o feijão desapareceram da mesa dos mais necessitados. É uma dieta de sobrevivência”, disse Marianella Herrera, da Fundación Bengoa, instituição nutricional sem finalidade de lucro.

Mas o governo sustenta que quando Chávez chegou ao poder o consumo de calorias cresceu 37%, garantindo três refeições diárias para 95% da população e erradicando a desnutrição.

No supermercado Unicasa, no bairro de Cumbres Curumo de classe média alta, Caracas, a notícia da chegada de leite em pó gerou instantaneamente filas para conseguir 4 pacotes o máximo permitido.

“Já não comemos nem o básico para ter saúde”, disse a dona de casa Nancy Morales, 40, enquanto fazia fila num mercado estatal num bairro popular de Caracas.

Inquérito da empresa privada Datanálisis registrou que 82% dos produtos alimentares faltavam em Caracas.

Segundo a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk e a escola venezuelana de gerência IESA, quase dois milhões de venezuelanos sofrem diabetes. Os níveis de saúde também se degradam por causa dos sintomas de angústia gerados pela crise econômica, a criminalidade e as constantes interrupções dos serviços básicos, especialmente água e energia elétrica.

Gloria Fernández contou ao jornal “Clarin” que na sua cidade, San Cristóbal, capital do estado de Táchira, o racionamento de energia, água e comida é ainda pior que em Caracas.

“Não avisam que vão cortar nem as quatro horas diárias nem quando. E cortam das 6 da manhã até meia-noite. É uma loteria”.

Os moradores do interior precisam ir a Caracas para recorrer aos ministérios ou órgãos públicos. Mas Maduro decretou que por falta de energia nos órgãos públicos só se trabalhará dois dias por semana, aumentando o calvário dos venezuelanos que vivem no interior.

A filha de Gloria Fernández, de 9 anos faz as tarefas escolares à luz de vela. E as escolas, por economia, têm que fechar às sextas-feiras.

A Polar, a maior empresa venezuelana de alimentos, está a ponto de fechar porque o governo não lhe permite adquirir moeda estrangeira para importar insumos. A Polar anunciou a interrupção da produção de cerveja – a mais consumida do país – por falta de matérias-primas.

Supermercados e shoppings abrem às 12 horas e fecham às 18. Lojas e restaurante apelam para as velas.

Segundo os sindicatos industriais, a capacidade manufatureira caiu mais de 50%. A maioria das empresas e lojas comerciais já fechou. Os desempregados só têm como último recurso a economia informal.

Os centros hospitalares também restringiram os atendimentos por falta de eletricidade, mas os critérios são extremamente confusos porque a empresa elétrica nacional corta sem aviso prévio. Os consultórios médicos marcam atendimento sem data nem hora.

A prima de Tibisay Urdaneta é cabeleireira, mas tem restringido o uso de secador de cabelo. Utiliza truques com ar natural, mas o resultado não é igual.

A esperança é o referendo revocatório que, nas condições atuais, tiraria Maduro do cargo. Uma espécie de impeachment eleitoral.

Mas Maduro já externou sua vontade de impedir esse referendo, apesar de o Exército ter anunciado que não executará ordens do presidente nesse sentido.


Nota do Editor: Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM - Agência Boa Imprensa (www.abim.inf.br).

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