Se alguém na imprensa passou anos a fio enganando os brasileiros leitores da Folha de São Paulo, esse foi Clovis Rossi. Sempre aplaudiu, apoiou e divulgou o ideário dos socialistas e manifestou indignação contra as forças ditas de direita. Foi um arauto contra os governos militares. Boa parte dos votos do PT junto à classe média foi garimpada com suas colunas de "esperança", propaganda socialista descarada. As pessoas sensatas já sabiam de antemão como seria o governo do PT, uma oscilação entre o que se poderia fazer, o tradicional, e as maluquices propostas nos documentos internos do partido, rumo ao socialismo. E quem conhecia mais de perto essa gente, como é o seu caso, sabia da sua alta dose de incompetência na arte de governar. A aliança entre a incompetência e a má fé era o que os mais sensatos temiam. Rossi sempre foi um socialista, um companheiro de viagem do ideário político mais irresponsável e homicida que já surgiu na face da Terra. Como homem vivido e cultivado sabe muito bem o conteúdo das suas próprias pregações. Não é um inocente útil. Ainda assim nunca deixou de usar seu espaço na mídia para ajudar seus correligionários socialistas. Por isso toda vez que o vejo chamar o PT de partido de direita, como na coluna do dia 25/05 ("Saudades de Stanislaw") fico imaginando a tremenda cara de pau do articulista, no limite da falta do respeito para com os leitores. Rossi sabe que não é assim, que toda a ação política de Lula e do PT é a possível e necessária para a manutenção do poder. A realidade é igual para todos os governantes, mas só os socialistas querem transformá-la, na esteira das idéias de seu guru Marx. Nisso Rossi é coerente: exige de seus candidatos eleitos a ação transformista que sempre pregou. Ocorre que os socialistas conseguem apenas transformar em tragédia as limitações da condição humana. Só se faz essa transformação na forma de governo ditatorial e derramando muito sangue, como nos conta a história do socialismo, onde passou. A fingida indignação com o realismo dos "operadores" petistas dentro do aparelho do Estado, como podemos ler na sua coluna do dia 26/05, "De joelhos", é já uma manobra de desinformação para que a eterna alternância de partidos socialistas no poder seja mantida. É pura má fé. Com os muitos rossis dominando a grande mídia nunca teremos um partido de direita de fato no poder. O que Rossi escreve é uma fraude ideológica, pois sabe que é mentira que o PT seja de direita. Que é mentira que Lula seja de direita. Podem ser medíocres, podem ter gente no governo que pratica atos corruptos, pode que façam um discurso incompatível com a possibilidade de ação. Mas não são de direita. Suas políticas, inclusive a de alianças fisiológicas, são "normais", levando-se em conta a necessidade de manutenção da governabilidade e a realidade do meio político nacional. A alternativa, Rossi bem o sabe, é a ditadura, é o fim da democracia, é o poder absoluto na mão desses que hoje formam a nossa oclocracia. Quem apóia os piores não pode se queixar da mediocridade de sua ação de governo. Como se sabe, semeadores de ventos colhem tempestades. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.
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