Os dias mais frios pedem um bom chocolate quente antes de dormir. Mas se você é uma daquelas pessoas que sentem mal-estar, náuseas, desconforto gastrointestinal, dor de cabeça ou tem diarreia depois de consumir leite ou derivados, está na hora de procurar orientação médica. Tudo leva a crer que o diagnóstico é a tão famosa intolerância à lactose. O que muita gente não sabe é que 85% da população adulta tem algum grau de intolerância, de acordo com dados da American Association of Gastrology and Nutrition. Mas afinal, o que é exatamente a intolerância à lactose e como podemos descobrir se a temos? Ser intolerante à lactose significa que o organismo apresenta uma incapacidade de produzir a enzima que digere o açúcar do leite, chamada lactase. Quando não “quebrada” adequadamente, a lactose é fermentada por bactérias no intestino, causando o mal-estar. O gastroenterologista do HCor – Hospital do Coração, em São Paulo, Dr. André Siqueira Matheus, comenta que os sintomas podem surgir cerca de 30 minutos a duas horas após o consumo de leite ou derivados, variando entre moderados a intensos. “Os sintomas mais comuns, considerados leves, são gases e inchaço abdominal. Já as reações mais intensas causam diarreia, vômito, dores e distensão abdominal”, elenca. Em caso suspeita, antes de eliminar tudo da dieta, aqui vai uma dica importante: procure orientação médica para ter certeza se o diagnóstico é este mesmo. A investigação consiste em um exame de sangue capaz de detectar se há ou não a intolerância. “São três coletas intervaladas de sangue: a primeira em jejum e as demais após o consumo de lactose. Em seguida, é medida a taxa de açúcar no sangue. Se aumentar, é porque o organismo digeriu a lactose. Se não, está caracterizada a intolerância”, explica Dr. Siqueira Matheus. A vida sem leite Se confirmada a intolerância, é hora de pensar na alimentação. Há muitas alternativas ao leite convencional, como o de amêndoas, soja, arroz, aveia, entre outros. E aos derivados? “Os iogurtes têm menor concentração de lactose que o leite, por conta da fermentação que ocorre durante sua produção. A boa notícia é que já é possível encontrar uma diversidade de produtos “zero lactose” disponíveis no mercado”, orienta a nutricionista do HCor Raira Pagano. “Além disso, uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, cereais integrais, sementes e peixes, especialmente a sardinha, garante um aporte de cálcio de excelente absorção”. Nos últimos meses, a lactose tem sido repudiada no ambiente fitness. Os atletas vêm restringindo o seu consumo por acreditar que pode ajudar na hora de enxugar as medidas. Mas será que quem não apresenta diagnóstico clínico comprovando a intolerância vale a pena tirá-los da dieta? “Não há garantias de perda de peso”, resume a nutricionista. “Ainda desconhecemos critérios bem estabelecidos na literatura relacionando a diminuição do consumo de lactose com a perda de peso. Por outro lado, há estudos que demonstram que o consumo da proteína do leite ajuda no ganho de massa magra”. Trocas nutritivas Se você precisa reduzir ou eliminar os alimentos lácteos da sua dieta, veja algumas opções: • Brócolis, couve, espinafre, nabo, quiabo, agrião e soja; • Sucos e cereais enriquecidos com cálcio; • Produtos de soja com cálcio, como tofu e leite de soja; • Alguns peixes e frutos do mar, como sardinha, manjuba e camarão; • Amêndoas, castanha-do-Brasil, noz, sementes de gergelim e linhaça.
|