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Opinião
30/06/2016 - 07h31
A humanidade pode desaparecer?
José Pio Martins
 

Segundo Stephen Lebb, autor do livro Fim de Jogo, sim, a humanidade pode desaparecer. É difícil encontrar alguém que acredite nessa hipótese, porque ela é radical demais para merecer a crença na possibilidade de sua ocorrência. Mas o bom exame dessa hipótese exige abandonar a emoção e a fé para usar os métodos da ciência, que são: a) observar os fatos concretos; b) fazer uma pergunta sobre eles; c) elaborar uma hipótese, ou seja, uma resposta à pergunta; d) fazer experiência controlada e válida para confirmar ou negar a hipótese.

Nas Ciências Sociais, a busca de respostas científicas verdadeiras é mais difícil porque elas comportam algumas premissas difíceis de provar ou de negar. Um exemplo é o assunto “petróleo”. A afirmação de que as reservas de petróleo são esgotáveis e irão acabar é verdadeira e é conhecida pelo menos desde que o geólogo M. King Hubbert, em 1950, assustou o mundo com o Pico de Hubbert ou Pico do Petróleo.

As reservas mundiais são conhecidas e, comparando-as com o consumo global do produto, sabe-se quando o petróleo acabará. Se a Terra fosse um carro, o tanque estaria na metade. Aí vêm os otimistas e dizem: há reservas ainda não descobertas e, como o mundo tem encontrado minas novas, outras boas minas serão descobertas. Trata-se de uma crença, não de uma certeza. Ademais, não basta haver petróleo, é preciso saber onde ele está.

O petróleo leve, doce e fácil de extrair, aquele existente na superfície da Terra, já está no fim. O que resta agora é petróleo pesado, rico em enxofre, em altas profundidades (é o caso do pré-sal). E há um fato pouco lembrado: para extrair petróleo (que é energia) é preciso... energia. Pode chegar o momento em que, para extrair um barril de petróleo, será necessário mais que um barril de petróleo para movimentar as sondas e demais equipamentos.

Lebb traça um panorama dramático, recheado de dados provados, em que ele mistura a explosão demográfica, o esgotamento das reservas de petróleo, o crescimento econômico dos países pobres e a escassez combinada de energia e alimentos, para demonstrar que, sim, a humanidade pode desaparecer. Os que não admitem examinar essa hipótese respondem, por exemplo, que a energia eólica suprirá a falta, já que o vento é abundante e não se esgota. Mas aí voltamos à questão essencial: só se produz energia com energia.

As turbinas eólicas exigem grande quantidade de aço, feito de minério de ferro, e esse mineral também é esgotável. Para abastecer o mundo, seriam necessárias tantas turbinas que sua produção contribuiria para pôr fim também aos minerais usados em sua fabricação. Lebb faz outro alerta: sempre que se fala na possibilidade de não haver alimentos para 10 bilhões de pessoas (população do mundo ali por 2060), surge a questão da limitação das terras agricultáveis. Mas o problema maior não é esse, e sim o fato de que não se produz alimento sem energia.

Leeb não é um radical. Ele desfila um conjunto de dados e informações para fazer o alerta. Há dois fenômenos que, juntos, têm o poder de explodir o consumo: o aumento da população e a redução da pobreza. Quando deixa de ser pobre, o ser humano consome mais de tudo, inclusive e principalmente energia. A Terra tem 7,2 bilhões habitantes e a metade é pobre. Se reduzir a pobreza a 1/3 da população, daqui a 50 anos seremos 6,5 bilhões de não pobres. Segundo Leeb, não haverá energia nem alimentos para todos.

A saída: a população tem de parar de crescer. O meio: a educação. Além disso, a humanidade terá de gastar trilhões na pesquisa de novas energias e mudar hábitos de consumo.


Nota do Editor: José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.

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