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Crônicas
09/07/2016 - 08h34
Pomada japonesa
Dartagnan Ferraz
 

Era no tempo do ronca, sou desse tempo, quando o sexo era tabu, ou seja, apesar de estar presente nas mentes e no resto do corpo, a hipocrisia proibia que se falasse livremente sobre o distinto. Era no tempo que uma freira em Arcoverde dizia às estudantes que a moça que usasse o mesmo sanitário que um homem corria o risco de engravidar. E fazia essa advertência constantemente, até o dia que uma estudante daquelas que não tinham freio nas ventas e nem usava barbicacho, perguntou à freira como diabo uma moça podia ficar prenha (a palavra foi essa) sem trepar (usou também a palavrinha) com um macho. Foi um rebuliço a freira teve um chilique, deram a ela um copo d’água com açúcar e, claro, o colégio quis expulsar a mocinha despachada, mas aí um advogado ameaçou entrar com um processo, era parente da "atrevida" e botaram uma pedra em cima, nunca mais a freira fez a famosa advertência.

Naquela época houve um momento que dentre a rapaziada e todos os homens da cidade eclodiu um frisson danado: a pomada japonesa. Diziam que era um preparado milagroso que o homem passando no documento quando fizesse sexo com uma mulher ela enlouquecia de tesão, virava um vulcão, se arriava os quatro pneus pelo homem, fazia coisas que até o diabo duvidava. Ela, a pomada, chegou na cidade trazida por um malandro de jogo, trouxe um saco cheio, ainda me lembro era uma latinha vermelha, vendeu mais que banana na feira, e o malandro trazendo sacos e mais sacos. Detalhe: as moças souberam e ficaram curiosas, mas apenas invejando as mulheres que estavam pegando fogo quando transavam com homens que usavam a pomada. As mulheres casadas austeras e até as beatas instavam os maridos a comprarem o produto milagroso, embora fizessem isso por debaixo dos panos. O que eu sei é que houve um boom da pomada e todo mundo se dizia satisfeito, as comadres rosadas cochichavam alegres, os maridos até reduziram as idas ao cabaré. Mas aí...

Aí quebrou-se o encanto, um sujeito cortou o barato dos usuários da pomeada japonesa, esse cara era professor de química ou ciências, entendia paca do assunto, então analisou uma latinha da pomada e revelou numa reunião do clube e no colégio que a pomada era apenas uma vaselina, não surtia nenhum efeito, era vigarismo, se alguns estavam contando vantagens era autossugestão porque vaselina só fazia lubrificar, nada mais. Foi uma frustração danada, dos homens e das mulheres. Um cara que tinha conseguido levantar a moral depois de muito tempo voltou a broxar e ficou puto com o professor, a corriola voltou às putas e o malandro de jogo que vendia a pomada quase arranca os cabelos da cabeça.

Nunca esqueci a pomada japonesa, a latinha era vermelha. Hoje e só lembrança, um anacronismo tempo do Viagra. Inté.

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