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Opinião
14/07/2016 - 07h29
Em defesa do Programa Ciência Sem Fronteiras
Gilberto Alvarez Giusepone Jr.
 

Anísio Teixeira (1900-1971) foi um dos mais importantes educadores que o Brasil já teve. Foi também responsável pela criação de inúmeras instituições voltadas à qualificação da educação pública brasileira e, principalmente, para a democratização do acesso aos bens educacionais que, segundo ele, são direitos e não devem permanecer como privilégios de poucos.

Em 1956, na companhia de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira tomou as providências necessárias para que o país contasse com um centro de altos estudos educacionais, do que resultou, com o apoio da Unesco, a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, seguramente a mais densa iniciativa no campo da pesquisa educacional antes da “era da pós-graduação” iniciada na década de 1970.

Naquele contexto, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro defendiam incessantemente que as políticas educacionais deveriam ser consideradas políticas de Estado, não ações de governo, suscetíveis às guerras ideológicas e a desmanches de tempos em tempos.

E como não somente eram grandes acadêmicos, mas também homens de ação política, eles sonhavam com uma situação na qual uma política de Estado pudesse, além de garantir a ampliação do acesso à Universidade, também oferecer oportunidade para a internacionalização da experiência universitária.

Como se percebe, as ideias que mais tarde resultariam na criação do Programa Ciência Sem Fronteiras são maiores que um governo e têm raízes nos capítulos mais luminosos da história da educação brasileira, uma história repleta de interrupções e danos aos projetos que se mostraram vocacionados a assumir o perfil de política de Estado, como foi o caso do ENEM, por exemplo.

Com expressiva preocupação, assistimos ao desmonte do Programa Ciência sem Fronteiras. Presenciamos, mais uma vez, uma ação de governo – e desta vez de um governo interino –, agredindo uma política de Estado amplamente legitimada e reconhecida junto à comunidade acadêmica do país e do exterior.

O Programa Ciência Sem Fronteiras está sendo abatido quando ainda dá os primeiros passos e nem sequer conheceu a primeira ação de ajustes que sempre são necessárias.

Na metade do século XX, dois intelectuais brilhantes, atores políticos profundamente marcados pelo horror do golpe civil-militar de 1964, tiveram a clarividência de defender projetos de internacionalização da experiência universitária, mesmo num contexto em que os números do ensino superior eram muito mais modestos que os atuais.

Estivessem hoje conosco provavelmente comentariam que os que estão desmanchando o Ciência Sem Fronteiras não sabem o que é política de Estado, arruinando assim o lugar da educação e da ciência no âmbito da esfera pública.


Nota do Editor: Gilberto Alvarez Giusepone Jr. é presidente da Fundação PoliSaber e diretor executivo do Cursinho da Poli.

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