Encarar a realidade é o exercício mais difícil de um profissional ou empresário. É sempre mais prazeroso focar a atenção para aquilo que nos faz bem, ao invés de vislumbrar no horizonte eventuais nuvens negras que estão por vir. Porém, neste momento, é necessário fazer uma leitura de médio e longo prazo para entender o que aconteceu e tende a acontecer com o Brasil. Planejar talvez seja mais essencial do que nunca, porque, efetivamente, temos uma década perdida quando o assunto é aproveitar o potencial econômico do País. Analise-se, por exemplo, o desempenho do PIB Brasileiro nos últimos anos a partir de 2013. Uma empresa que tenha supostamente faturado o valor de R$ 100 mil ao final daquele ano, só deverá chegar perto desse balanço anual novamente em 2024, e considerando um PIB de 1%, conforme a previsão de mercado para 2017. Bem, assumindo que a projeção da variação do PIB brasileiro para 2016, atualmente, está baseada em um número negativo pela média de mercado, - 3,5%, tem-se que essa mesma suposta empresa fechará este ano com balanço de R$ 92,88 mil. E não bastasse esse efeito danoso, pode-se acrescentar nesta análise a variação estimada do IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Amplo - do IBGE, indicador de inflação largamente utilizado como referência para os dissídios coletivos das diversas categorias de trabalhadores no Brasil. Num resumo, os números confirmam que, além de encolherem o faturamento, as empresas sofreram aumento de custos com mão-de-obra, consumindo eventuais margens existentes e provando nociva condição de insustentabilidade para os mais diversos segmentos. Pode-se esperar que durante o período em que a economia se recuperar, haverá forte pressão para que companhias e profissionais tentem retomar parte dessas perdas, provocando ainda mais pressão nas relações entre empresas e funcionários. Por isso, é extremamente necessário planejar a médio e longo prazo. Com estratégias segmentadas, definidas para a indústria, o comércio, setor de serviço. Entre os segmentos, um ponto em comum que vale ressaltar: atenção à equipe de profissionais. Para a indústria, uma das orientações é desenvolver equipes focadas em conceitos como produtividade e controle de desperdício. No comércio, a sugestão é direcionar o foco das equipes de apoio – administrativo, financeiro, jurídico etc. - para a geração de vendas. Já em serviços, é fundamental a qualificação dos profissionais. Nota do Editor: Luciano Salamacha é Doutor em Administração, Mestre em Engenharia de Produção, com MBA em Gestão Empresarial e Pós-Graduação em Gestão Industrial. Além de palestrante, atua como consultor de empresas, preside e integra o Conselho de Administração de companhias nacionais e multinacionais. É professor em programas de Pós-Graduação e Mestrado em instituições de ensino no Brasil, Argentina e EUA. Docente no Instituto Olímpico Brasileiro e na FGV Management, onde foi por sete anos considerado o melhor professor de Estratégia de Empresas nos MBAs, e um dos poucos professores que foram laureados para o Quadro de Honra de Docentes.
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