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COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
25/07/2016 - 06h53
Queremos um purgatório mais justo e racional
 
 

O conhecido purgatório, esse limbo que acomoda quem ainda não tem direito ao céu, porém não é merecedor do inferno, é cenário de situações esdrúxulas e até cômicas - se não fossem trágicas em sua estranheza.

Manda a lei divina que o que se fez ou se desejou a outrem seja pago na mesma moeda pelo pecador. Assim, ações e maledicências veniais, quando não infantis, acabam sendo impostas àquele que praguejou. Um corriqueiro "vá lamber sabão", dito impensadamente ao coleguinha em uma partida de futebol mirim de 1972, condenou um recém-defunto a onze anos e oito meses de infindáveis lambidas em uma barra sebosa de 500 g, com cheiro enjoativo e sabor intragável. O pobre coitado já devorou cinco sabões em pedra, e tudo leva a crer que mais umas cinco mil o aguardam, até que o tempo da pena se complete. Consta, porém, que outros três amiguinhos do condenado teriam sido por ele "mandados à merda" em outra partida do campeonato. Vai daí que algo bem pior o espera, tão logo os sabões sejam devidamente lambidos.

Há um consenso em todas as esferas espirituais de que esses pequenos delitos precisam ser anistiados, e que os critérios na relação pecado-castigo devem ser reavaliados com a máxima urgência, para que o espaço disponível consiga abrigar os que possuem culpas mais significativas no cartório. Já os responsáveis pelos círculos purgantes argumentam que só as almas absolutamente puras fazem jus ao paraíso, e que mesmo contravenções tolinhas não escapam do pente fino dos guardiões celestes. É necessária, segundo eles, a convocação de uma assembleia extraordinária com representantes do céu, do inferno e do purgatório, para que as milenares regras de purificação e admissibilidade sejam alteradas.

Algumas facções do paraíso defendem a descriminalização do xingamento "Vá plantar batatas", por entenderem que soa anacrônico, nos dias que correm, condenar tantas almas a meses de sol a sol no cultivo do tubérculo, para ficarem em dia com a justiça divina. Isso sem falar nas centenas de milhares de hectares necessários para assentar em lavoura todos os que, na Terra, foram simpatizantes do insulto.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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