Uma demonstração de bons resultados
A omissão da escola em relação a noções do comércio, economia, de impostos e de finanças tem uma conseqüência perversa: a maioria das pessoas, quando adulta, continua ignorando esses assuntos e segue sem instrução financeira e sem habilidade para manejar dinheiro. As com seqüências se tornam mais graves se levarmos em conta que ninguém, qualquer que seja a sua profissão, esta livre dos problemas ligados ao mundo do dinheiro e dos impostos. É importante tomar consciência da necessidade de alfabetização financeira, o que pode ocorrer por iniciativa própria, por orientação dos pais ou por conselhos de amigos. Infelizmente, para muitas pessoas o "alerta" chega em decorrência de algum desastre financeiro. O governo é totalmente desprezível ao assunto Educação Financeira, porém falta pouco para completarmos um milhão de assinaturas colhidas através do abaixo assinado promovido pelo site www.boriola.com.br. Empresários, executivos, professores, populares, em especial, os profissionais da imprensa nacional e internacional não medem esforços em divulgar a idéia e fortalecer o projeto "Educação Financeira nas Escolas" por ser essencial e exponencial para o crescimento do país. A Educação não é um assunto apenas de educadores, é um problema de toda a sociedade. No caso da alfabetização financeira, o primeiro passo é enfrentar o descaso e a rejeição. Há uma multidão de adultos, de diferentes profissões, os que não se sentem confortáveis com as questões relacionadas ao dinheiro. Uma saída importante é buscar a própria educação financeira fora da escola convencional até conseguirmos "levantar da cadeira" os nossos governantes para implantar a idéia na grade curricular. Estude com os meios de que a sociedade dispõe atualmente, as opções para uma boa instrução financeira são bastante acessíveis. Cursos, seminários, palestras, treinamentos jornais, livros, revistas especializadas e jogos educativos, tudo isso são formas alternativas ou complementares para um aprendizado. Hoje, só não se instrui quem não quer. As desculpas encontradas são uma forma de justificar o desinteresse, a apatia e a falta de disciplina. O ser humano tem dificuldade em assumir abertamente que a culpa é sua e de mais ninguém. Faça o seu balanço patrimonial. Assim que você se disponha a estudar e comece a se familiarizar com os conceitos financeiros, o próximo passo é elaborar o seu balanço patrimonial, cujo conteúdo é praticamente o mesmo utilizado pelas empresas. Constantemente os jornais publicam as demonstrações contábeis das empresas. A primeira peça a se destacar é o balanço patrimonial que tem duas: uma coluna à esquerda mostra os ativos e outra à direita mostra os passivos e o patrimônio líquido. Se uma empresa listar tudo o que ela tem em bens e direitos e diminuir todas as dívidas e obrigações, o saldo que resta é o patrimônio líquido, a verdadeira riqueza pertencente aos acionistas. Para uma família não é diferente. O balanço patrimonial de uma família muda-se apenas o tipo de ativos e, eventualmente, o tipo das dívidas. O ideal é fazer o mapa do balanço patrimonial ao fim de cada mês ou, no mínimo, ao fim de cada trimestre, como forma de saber se a riqueza esta aumentando ou se você esta ficando muito pobre. Faça a sua demonstração de resultados. Você ficará mais rico ou mais pobre conforme o resultado da sua "vida financeira" a cada período. O ideal é elaborar uma demonstração de resultado mensalmente, para ver como andam seus ganhos, seus gastos e o saldo, que pode ser um superávit ou um déficit. Na linguagem empresarial, um lucro ou um prejuízo. A demonstração de resultado de uma família não é diferente: tudo o que você tem a fazer é lançar os seus ganhos em uma linha, listar seus gastos em outra linha e encontrar a diferença, que será uma sobra ou uma falta. Uma família com uma dívida bancária que exige um pagamento anual de R$ 4.200,00, a necessidade de pagar os juros do banco leva a um "furo" anual de R$ 1.200,00, que só pode ser pago de três formas: um novo empréstimo bancário, um aumento nos ganhos ou uma redução nas despesas, a mais aconselhável. Há uma outra opção: caso a família possuir ativos, ela pode vender algum bem e liquidar a dívida com o banco, passando a ter anualmente uma sobra de dinheiro para o seu patrimônio. Classifique suas despesas. A tarefa de gerenciar gastos exige alguma metodologia. Seja em uma empresa, seja na vida familiar, não se pode sair cortando despesas de qualquer jeito, sem ordem nem método. Para que você possa fazer um exame criterioso das suas despesas é necessário organizá-las, e a melhor maneira de fazê-lo é adotar uma classificação em categorias: OF - Obrigatórias fixas: Aluguel, IPTU, IPVA, condomínio... NOF - Não obrigatórias fixas: Empregada, plano de saúde, assinatura de jornal e revistas, TV a cabo, taxa de clube, seguro do carro... OV - Obrigatórias variáveis: Alimentação, vestuário, higiene, limpeza, energia, água, telefone, escola, remédios, combustíveis, manutenção carro... Essa classificação é importante como ferramenta para o gerenciamento do orçamento familiar e tem uma lógica simples, mas eficiente. Elabore o seu fluxo de caixa. Fazer um orçamento pode ser definido como o ato de estimar a renda familiar, definir metas de resultado e fixas as despesas. Há vários modelos de orçamento familiar para o período de um mês, um trimestre ou um ano. A sugestão é que a família faça um orçamento do seu fluxo de caixa para o período de um ano inteiro. A razão é que não há regularidade no fluxo de entrada de dinheiro nem no fluxo de saída. Para os assalariados, o orçamento familiar é reforçado nos meses de novembro e dezembro, quando entram as parcelas relativas ao décimo terceiro salário. Já as despesas se comportam de maneira bem irregular. Certas despesas que ocorrem sempre na mesma época do ano, como o imposto predial (IPTU), o imposto sobre veículo (IPVA), a aquisição de material escolar no início do ano letivo, e outros exemplos conhecidos. Portanto é recomendável e útil ter um orçamento para o período de janeiro a dezembro a fim de obter uma visão do ano inteiro. Muitas pessoas ficam empolgadas com o aumento do caixa nos meses de novembro e dezembro, gastam mais do que a deviam e sofrem no próximo ano inteiro. Estabeleça metas de poupança e gerencie os gatos. Qualquer que seja a situação da família é importante estabelecer metas de poupança e gerenciar os gastos. O orçamento de fluxo de caixa é uma espécie de bússola que diz aonde a família quer chegar ao final de um período. A única forma de atingir a meta de poupança é por as contas na ponta do lápis e monitorar os gastos com base no fluxo de caixa planejado. Gerenciar o orçamento familiar é mais simples que comandar um avião: conhecido o rumo, é necessário acompanhar os gastos e tomar as decisões financeiras que permitem cumprir as metas estabelecidas. Muitas vezes você chegara na metade do mês; ai é hora de pensar, planejar e agir, impondo-se disciplina e, até mesmo, sacrifícios. A arte de cortar gastos exige que se observe o grau da importância de cada despesas, segundo critérios da própria família. Em uma família com cinco membros, morando em uma cidade metropolitana e na qual todos têm telefone celular, a despesas nesse item pode passar da metade do valor do aluguel. Até soa meio estranha imaginar a redução do aluguel, que é uma despesa obrigatória fixa, a menos que a familiar decida reduzir o seu padrão de moradia, quando a conta do celular, como despesa não-obrigatória variável, pode ser reduzida sem muito sacrifício. Evolva toda a família. É grande o número de pessoas, homens e mulheres, que não discutem as questões financeiras com a família. Muitos pais trocam algumas palavras com os filhos sobre compras e mesada; mas, raros são os que sentam com todos os membros da casa e deixa claro qual é a renda da família, e quais são os gastos e como devem gerenciar suas despesas. É um erro impor qualquer comportamento financeiro aos filhos sem explicar, discutir, traçar metas e planos em conjunto. É o dito mais encontrado nas empresas: os planos têm muito mais chance de dar certo se eles forem abraçados por todos da equipe. A recomendação é simples: organize as informações sobre a renda e as despesas da família, elabore um fluxo de caixa, discuta com os membros da casa e tome as decisões "em equipe". Você não pode exigir determinado comportamento dos filhos se não lhes der informações e instruções sobre as finanças da família. Experimente ensiná-los a diferença entre os tipos de despesas, usando a classificação sugerida anteriormente. Você poderá se surpreender com a disposição de todos em colaborar. Instrução financeira é fundamental para ajustar os hábitos de consumo. Invista em bons ativos. À medida que vai atingindo a sua meta financeira, sobretudo as metas de poupança, você deve empregar a sua inteligência financeira na administração dos seus investimentos. A essa altura deve estar claro para você que a sugestão é o de construir bons ativos, capazes de produzir renda para "fortalecer" o seu fluxo de caixa e propiciar tranqüilidade financeira. Você pode, com estudo, informação e paciência, gerenciar suas aplicações nos vários tipos de investimentos ao seu alcance: imóveis, ativos financeiros, públicos ou privados de renda fixa, ativos de renda variável etc. Seja feliz na jornada. Todo o ser humano, no tempo que lhe é concedido viver neste planeta, tem a obrigação moral de criar mais riqueza do que aquela que destrói. Quando aufere uma dada renda, você tem o direito de "destruir" um pedaço do produto nacional equivalente à renda que ganhou. Falando de outra forma, você pode consumir tantos bens quanto o seu dinheiro pode comprar. E isso é totalmente legítimo, pois se a sociedade lhe pagou aquela renda é porque ela entende que a sua contribuição para "construir" o produto nacional é equivalente ao que lhe foi pago. Se você gastar tudo é direito seu. Todavia, a maneira que você tem de contribuir para que a sociedade enriqueça é abster-se de consumir uma parte renda; ou seja, deixar de "destruir" uma parte do que é seu direito destruir. Se fizer isto, você permitirá que o sistema dedique parte do esforço para construir coisas que não serão consumidas, como estradas, pontes, hospitais e máquinas. A soma da poupança de todas as pessoas e do governo é igual à soma do que é produzido em bens de capital, bens que se destinam à produção de outros bens ou serviços; nisso reside toda a moralidade do ato de poupar. O ato de poupar tem uma dupla função: além de permitir que a sociedade enriqueça, é o seu seguro para o futuro, sobretudo se você aplicar o dinheiro poupado na compra de ativos bons, capazes de gerar renda, a exemplo de imóveis de aluguel, fundos de renda fixa ou ações. Empregar tempo e dinheiro para cuidar da sua educação emocional e da instrução financeira pode ser uma gostosa aventura; a felicidade está na própria jornada e não na chegada. Abraçar um projeto de aprendizado e crescimento pessoal é uma boa maneira de dar novo colorido a vida, além de propiciar resultados que o surpreenderão: mais dinheiro, mais liberdade, melhores opções e mais tranqüilidade. Por enquanto, o que deve ser ressaltado é que você não deve correr o risco de ser bem-sucedido na gestão do seu fluxo de caixa familiar e depois utilizar a poupança acumulada para adquirir um conjunto de ativos ruins, como carros de luxo e casa na praia que só lhe darão despesas. Se fizer isso, no fundo você estará substituindo velhas despesas familiares por outro tipo de despesas derivadas dos ativos ruins. Não esqueça que o seu sucesso financeiro depende exclusivamente de você mesmo. Boa sorte e sucessos nas finanças. Nota do Editor: Escrito originalmente por Cláudio Boriola - Consultor Financeiro, Palestrante e Autor do livro Paz, Saúde e Crédito - O livro que vai mudar a sua vida, batizado por Paulo Henrique Amorim como a "bíblia dos endividados", especializado em Administração Financeira, Economia Doméstica e Direitos do Consumidor.
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