- Ah, não! Cê tá chorando de novo, Vitor? - Tô! - Mas, por que, meu filho? - À toa! - À toa, nada! É pra não ir pra escola! - É! - Vem, cá filhote... A mamãe quer conversar. Senta aqui. - (snif... snif) - Conta pra mim, por que cê não quer ir pra escola? - À toa! - À toa, não! Cê não gosta da professora... É isso? - Não. É à toa! - Não acredito, Vitinho... Tem algum coleguinha rindo de você? - Não. É à toa! - Hum... Já sei, são as tarefas... - Não! - Escuta, Vitor, ir à escola é bom, meu filho. - Não é! - Então para de chorar, explica por que não é... - Eu não gosto! - Sim, meu amor, mas presta atenção no que mamãe vai falar... - O quê? - Todo menino vai pra escola... Cê também tem que ir. - Não! - Por que, não? - O Lóri não vai! - Meu querido, o Lóri é um cachorro. - Eu sei... Meu cachorro. - Pois então... Cachorros não vão à escola, Vitinho. - Eu também não quero ir... - Escuta, Vítor, se você não for pra escola vai ficar igualzinho ao Lóri, sabia? - É? - Sim, todo mundo vai trabalhar, cê vai ficar sozinho! - Sozinho? - Sim! Dormindo no chão. Trancado no apartamento o dia inteiro! - Dia inteiro? - Sim, Vitinho, e comendo o que o Lóri come, eca! Vida de cão não é fácil, não, sabia? - Mãe... - Fala, meu querido... - Traz a ração... Eu já virei o Lóri, viu? - Levanta do chão, Vitor Augusto! Agora!
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