Estudo recente empreendido pelo National Cancer Institute em parceria com pesquisadores da Rutgers University (Nova Jersey, Estados Unidos) aponta o descaso de muitos fumantes, que não reconhecem os riscos a que estão expostos por causa do cigarro. Mais de 6.000 homens e mulheres (1.245 fumantes habituais) avaliaram seu próprio risco de desenvolver câncer no pulmão e as chances de outras pessoas - fumantes e não fumantes. Os resultados mostraram que 21% dos fumantes acreditam que têm apenas pouca chance a mais que os não-fumantes; 23% que têm o dobro de chance; 22% que têm cinco vezes mais e 23% que têm dez vezes mais chances. "Na realidade, o fumante corre um risco entre dez e vinte vezes maior do que um não fumante de desenvolver câncer no pulmão", diz o cirurgião cardiovascular Renato Bauab Dauar, do Hospital Bandeirantes. Dauar não se mostra surpreso com os resultados. "Ainda que a população saiba que fumar faz mal à saúde, notamos um certo descaso dos pacientes, alegando - quando jovens e saudáveis - que há diversos exemplos de fumantes que já ultrapassaram a média da expectativa de vida. Desconhecem quanto o cigarro debilita o organismo como um todo, diminuindo as chances de um tratamento, quando necessário, ser bem sucedido". Os resultados da pesquisa comprovam o desconhecimento alarmante da população de fumantes. Metade acredita que os exercícios físicos compensam os efeitos destruidores do cigarro, 28% dizem que a ingestão de vitaminas cumpre esse papel compensatório; e 36% acreditam que os fatores genéticos são muito mais decisivos para desenvolver um câncer. "As pessoas, em geral, não se sentem confortáveis em assumir que suas atitudes levam a maior exposição a riscos. Embora os fatores hereditários tenham uma participação importante em alguns casos de câncer no pulmão, o cigarro tem uma participação direta em 87% dos casos, de acordo com as estatísticas", diz o cirurgião. Para Dauar, as campanhas antitabagismo ainda são insuficientes para mobilizar a opinião pública e provocar uma mudança de comportamento. Fonte: Dr. Renato Bauab Dauar, cirurgião cardiovascular do Hospital Bandeirantes, SP.
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