Aos senhores “candidatos a alguma coisa”: Em tempo de eleições, onde um monte de especialistas em sociedade aparece, creio que compensa oferecer algum referencial de revisão de opções para um exercício mental e, quem sabe, ter outra atitude, sobretudo em relação aos empobrecidos. “Se falamos de igualdade, a questão é sempre a seguinte: quanto temos de transformar as vidas privadas dos pobres? Em outras palavras, quanto dinheiro temos de dar a eles para torná-los aptos a desfrutar de felicidade pública? Educação é muito bom, mas o que importa é mesmo dinheiro [para poder consumir cada vez mais os padrões da ideologia que predomina]. Somente quando puderem desfrutar do público é que estarão dispostos e aptos a fazer sacrifícios pelo bem público. Requerer sacrifícios de indivíduos que ainda não são cidadãos é exigir deles um idealismo que eles não têm e nem podem ter em vista da urgência do processo vital. Antes de exigirmos idealismos dos pobres, devemos torná-los cidadãos: e isto implica transformar as circunstâncias de suas vidas privadas de modo que se tornem aptos a desfrutar do ‘público’”. (Hannah Arendt, no texto Public rights and private interests). E aqui pensei no meu sobrinho Victor cursando na USP, naquele aluno, da escola “Idalina” de Ubatuba que, dada a oportunidade pelo PROUNI, do governo federal, se formou com mérito reconhecido em Arquitetura, daquela aluna da escola “Sueli” que agora cursa na Universidade Federal de Pelotas, da minha filha feliz em Artes e Design na Federal de Juiz de Fora, das minhas sobrinhas todas encaminhadas nas melhores universidade públicas deste país e de muitos outros que passaram por nossas salas de aulas. São medidas assim que vão completando os cidadãos. Entenderam, senhores “candidatos a alguma coisa”?
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