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Opinião
08/09/2016 - 06h51
Eleições municipais, oportunidade de mudanças
Reinaldo Dias
 

Neste ano os eleitores irão novamente às urnas num ciclo que se repete a cada dois anos, desta vez para escolher aqueles que governarão os municípios pelos próximos quatro anos. Essas eleições ocorrerão num momento em que a atividade política sofre seu pior desgaste, pois aos amplamente conhecidos atos de corrupção que envolvem as diferentes esferas do poder, deve-se acrescentar a falta de ética e de transparência no exercício da atividade política.

Está disseminado pelo país um mal-estar social em relação à política, há uma opinião generalizada de que é prática corrente entre os parlamentares – do vereador aos deputados e senadores – pressionar ou negociar seus votos em troca de vantagens pessoais e de que as licitações para obras e serviços públicos são fontes potenciais e reais de corrupção. O número de denúncias, processos e condenações de políticos em todo país é enorme. Há inúmeros prefeitos e vereadores que tiveram seus mandatos cassados. É um cenário que leva os cidadãos a pensar que a política deixou de ser uma representação legítima da população e se transformou em posição de poder e oportunidade de enriquecimento pessoal.

Neste contexto, o principal desafio a ser enfrentado, sem dúvida, é melhorar o nível de participação nessas eleições. O desinteresse na política continua elevado e muitos se conformam em manifestar sua indignação nas redes sociais, descarregando seu inconformismo contra os atores políticos de diversas formas passando do humor, da ironia e da crítica construtiva ao insulto; agressões verbais e a propagação de boatos sem fundo de verdade. Esses diversos modos de manifestação devem trazer alguma satisfação pessoal a quem se manifesta mas, infelizmente, é uma prática que não consegue mudanças efetivas e duradouras, pois em geral não é acompanhada de um processo de reflexão e discussão que desemboque numa mobilização social permanente que concretize uma cidadania ativa e participativa.

Sem dúvida, as redes sociais são um meio público de relevância crescente como uma das formas de expressão política. No entanto, não é suficiente. Há necessidade de participação no mundo real, o debate de posições face-a-face, nas ruas, nas praças, nos mercados e em todos os espaços físicos públicos. Só assim a indignação social obterá resultados concretos e os grupos políticos dominantes em cada municipalidade poderão ser derrotados nas urnas. Passar da crítica nas redes sociais à formação de movimento social e político que aglutine a indignação da população em cada localidade é o caminho a percorrer para que sejam afastados os aproveitadores de todo tipo.

Há uma singularidade nestas eleições que poderá favorecer a participação. O processo eleitoral será marcado por candidaturas que terão menos acesso aos recursos privados, que estão visados pela justiça e com vários empresários presos ou processados, pela primeira vez na história do país. Neste caso, poderá haver um nivelamento das candidaturas, pois os investimentos não deverão ser substancialmente diferentes de candidato para candidato. A perspectiva que se apresenta é que as eleições municipais ocorram sem campanhas milionárias, de candidatos forjados em campanhas de marketing, o que poderá favorecer a discussão dos problemas e as soluções a eles mais adequadas em cada localidade.

O desgaste da luta política nacional deverá fortalecer o foco em temas locais e a disputa poderá girar em torno da discussão das propostas dos candidatos sobre os problemas específicos de cada lugar, realizada frente a frente com o eleitor nos espaços públicos. Este ponto é importante pois os municípios estão diretamente relacionados com a qualidade de vida do cidadão.

Aspecto também importante destas eleições municipais é que podem abrir espaço para o surgimento de novas lideranças e substituir as tradicionais que estão em queda livre envolvidas em articulações escusas e defesa de interesses particulares, com raras e honrosas exceções.

Os eleitores correm grande risco ao escolherem não participar. Ao escolherem um candidato e se engajarem para elegê-lo poderão acertar ou errar. Mas ao não participar ativamente do processo eleitoral estarão cometendo um erro que não só os afetarão mas se estenderá às próximas gerações que padecerão devido à omissão quando a oportunidade se apresenta promissora.


Nota do Editor: Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela Unicamp. É especialista em Ciências Ambientais.

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